//EDUCAÇÃO// "Somos uns boias-frias, não temos nem direito à merenda", diz a deputada Professora Bebel

Deputada Professora Bebel:
"Uma cidade não pode sobreviver só do turismo"


"Somos uns boias-frias, não podemos nem comer comida quente, não temos lugar para almoçar, nem direito à merenda." O desabafo foi feito pela deputada estadual (PT) e presidenta do sindicato dos professores do Estado de São Paulo (Apeoesp), a Professora Bebel. Ela foi entrevistada para o programa Serra Negra na Roda, produzido pela Casa da Cultura e Cidadania Dalmo de Abreu Dallari.

Incluir os professores na merenda escolar, disse na entrevista, é uma "luta tremenda" que vem travando. Outra é em relação à remuneração por subsídio, instituída para a categoria pelo ex-governador paulista João Doria. "Ninguém deveria aderir a essa porcaria de subsídio", disse. "O subsídio acaba com a valorização do professor, desmontou tudo na educação", completou.

Segundo Bebel, quem ganha, por exemplo R$ 5 mil mensais por 40 horas semanais de trabalho, com os descontos do Imposto de Renda acaba recebendo apenas R$ 3,4 mil. "E antes, esse professor não ficava o tempo todo na escola, mas agora fica 14 horas a mais", informou.

Os problemas da educação brasileira, segundo a presidenta da Apeoesp, são anteriores à pandemia. "Temos um presidente da República que trabalha contra a educação", disse. A sua esperança é que quem venha a substituí-lo acabe com as "injustiças contra os professores".

Mas com tantos problemas na educação, por que muitos professores ainda votam em candidatos que não se importam com a valorização da categoria?

"A mídia sempre criminalizou os movimentos mais progressistas", disse Bebel, que acha imprescindível que se faça uma regulação dos meios de comunicação no país. Segundo ela, muitos professores a procuram depois das eleições para se queixar de medidas que prejudicam a categoria. "Aí eu digo a eles, 'olha, eu chamei a atenção de vocês, eu alertei vocês, e vocês continuam votando no PSDB', e a gente sabe que não dá para esperar nada progressista deles."

Outro problema abordado na sua entrevista ao Serra Negra na Roda foi em relação à fixação dos jovens em cidades como Serra Negra, cuja economia depende basicamente do turismo. Para a deputada, muitos jovens saem da cidade porque não têm um contrato de trabalho digno - eles não podem sobreviver trabalhando apenas nos sábados e domingos, como é usual em cidades turísticas, afirmou.

"Essas cidades não podem sobreviver só do turismo", disse. "Elas têm de se desenvolver, dar mais oportunidades a todos, mas isso é algo de responsabilidade do governo do Estado, que tem de investir, pois sabemos que se só o empresário oferecer emprego, ele quebra."

Para ajudar a resolver esse problema, Bebel deu uma sugestão: "Por que o Estado não dá um incentivo para as empresas que contratam, como por exemplo fazer com que ela pague menos impostos?" 

Mas quem pode mesmo ajudar na criação de empregos, afirmou, é a instância federal: "Temos de romper com a reforma trabalhista, a verdade é que estamos com saudades da CLT."

Além disso, finalizou, é necessário rever a reforma da previdência. "Ela acabou com a esperança da juventude. No nosso caso, vamos ter professores com 70 anos ainda nas salas de aula." 

Assista a seguir à íntegra entrevista da deputada estadual Professora Bebel:





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