//SALETE SILVA// Um bom parlamentar não vive só de emendas



A escolha dos deputados federal e estadual nas eleições deste ano com base apenas nos recursos que o candidato teria repassado ao município por meio de emendas parlamentares é um critério bem capenga.

As emendas parlamentares são um instrumento que garante a todos os deputados federais, estaduais e a senadores a possibilidade de alterar o Orçamento incluindo nele recursos para a sua região.

Boa parte da verba destinada à área da saúde ao município durante a pandemia foi proveniente de emendas parlamentares. Parabéns, deputados, não fizeram mais do que sua obrigação. Mas isso não é suficiente para merecer o voto do eleitor.

Se utilizar apenas o critério dos repasses de recursos ao município por meio das emendas parlamentares, o eleitor corre o risco de eleger um candidato que vai votar contra seus interesses em projetos de lei importantes, como o Projeto de Lei Complementar 3/2022, aprovado na semana passada ,que instituiu um novo modelo de planos de carreira e remuneração para os profissionais da Educação e que desagradou à maioria dos professores, diretores e demais servidores da área.

Se os eleitores demonstrarem mais interesse em conhecer as propostas dos candidatos e os programas de governo das legendas pelas quais vão disputar uma vaga no Legislativos, as emendas parlamentares não seriam usadas de barganha política nem de chantagem eleitoral e os partidos não seriam apenas uma escada para a ascensão de políticos oportunistas. 

O que vemos diariamente nas redes sociais é quase que um leilão de quem dá mais ao município em troca de voto. Pouco discorrem os pretensos candidatos sobre seus projetos e ideias para melhorar a qualidade de vida do cidadão e contribuir de forma efetiva para elevar a renda do trabalhador e reduzir as desigualdades sociais.

Repassar recursos para os municípios pelos quais foram eleitos não é mais do que obrigação, uma vez que as emendas são garantidas pela Constituição. O repasse deve ser cobrado dos eleitores. Mas a escolha de um candidato vai muito além das emendas. Afinal, são as boas ideias e os projetos em favor da sociedade, não apenas das elites econômicas, que de fato podem transformar o país, o Estado e o município.

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Salete Silva é jornalista profissional diplomada, ex-Gazeta Mercantil e Estadão, e editora do Viva! Serra Negra.



Comentários

  1. Infelizmente, a cultura do toma lá, dá cá está profundamente enraizada no inconsciente coletivo do eleitorado brasileiro. E vai ser muito difícil, talvez impossível, mudar essa mentalidade. Parlamentares fisiológicos e sem a mínima noção ou ética a respeito das verdadeiras funções dos Legislativos em todas as suas instâncias continuarão a ser a massa dominante dos próximos parlamentos. E não precisamos ir longe para constatar isso
    Basta olhar a constituição da Câmara da cidade e como agem os que foram eleitos para ela.

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