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O secretário municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico, Carlos Tavares, divulgou, em recente reunião do Conselho Municipal de Turismo (Comtur), o plano de marketing da cidade para o setor. É um volumoso relatório de cerca de 150 páginas, dezenas delas um "copia e cola" de publicações sem ligação direta com o tema e sem maiores preocupações em respeitar a língua portuguesa.
De interessante mesmo há dados de um estudo de demanda turística feito em 2020 na cidade por uma consultoria de nome Inove. Foram entrevistadas 267 pessoas, mas o relatório não diz se a amostragem tem validade científica. De qualquer forma, seus resultados apresentam algum interesse para quem acompanha o setor.
Segundo o estudo, a maioria dos visitantes de Serra Negra é homem (55%), vem da capital do Estado, regiões metropolitanas e do litoral (46%), e de cidades de até 100 quilômetros de distância (37%); está na faixa etária dos 40 aos 49 anos (33%) e de mais de 60 anos (28%); e tem salário mensal entre R$ 7.601 a R$ 9.500 (28%) - 19% dos entrevistados disseram que ganham mais de R$ 9.500 mensais.
O principal atrativo da cidade para os visitantes que declararam vir a Serra Negra a lazer (98%) é a natureza/ecoturismo (63%), seguido pela cultura (12%). Os turistas têm, na maioria, alta escolaridade: 49% disseram possuir pós-graduação e 27%, o nível superior de ensino.
Casais sem filhos são a maioria dos visitantes, segundo o estudo (44%). Quase todos os turistas chegam à Serra Negra com condução própria (94%) e a maior parte vai embora no mesmo dia (66%). Os que pernoitam preferem os hotéis (53%).
Para os visitantes, a tranquilidade é o que Serra Negra tem de melhor a oferecer a eles (21%). Número quase igual (20%) acha que o destaque da cidade é o seu clima e 13% disseram que o que há de melhor é o comércio. Em contrapartida, 8% dos turistas reclamaram da infraestrutura da cidade e 6% da dificuldade de estacionar os veículos.
O plano de marketing para Serra Negra traz ainda uma série de ações que precisariam ser feitas para que a cidade se desenvolva no setor, ações que deveriam ter sido adotadas há muito tempo, como por exemplo, participar de feiras e eventos do setor, ou criar um posto de atendimento ao turista - uma cidade turística não ter um local para receber e prestar informações aos visitantes, convenhamos, é um absoluto contrassenso.
O documento se encerra com o "Programa de Endomarketing de Serra Negra", igualmente produzido pela Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico, no ano passado. Em sua introdução é informado que "este projeto foi construído com o objetivo de sensibilizar ao munícipe sobre a importância do turismo para a geração de emprego e renda aos empresários e munícipes e para o desenvolvimento sustentável da cidade de Serra Negra".
É dito ainda que "o grande desafio é o de alcançar a população e trazê-la para participar do programa, além de despertar o interesse em atuar no turismo e o desejo pela capacitação e aprimoramento sobre os assuntos do setor".
Nobre objetivo.
Para alcança-lo, porém, é necessário que o Comtur e a própria secretaria do setor criem mecanismos para que a população se engaje nesse projeto.
Uma das ações mais importantes seria ao menos informar os munícipes sobre quando e onde as reuniões do Comtur são realizadas, pois o conselho não pode funcionar como um clube fechado, como atualmente - a essência dos conselhos municipais é justamente o envolvimento da comunidade em suas decisões.
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Carlos Motta é jornalista profissional diplomado, ex-Estadão, Jornal da Tarde e Valor Econômico, e editor do site Viva Serra Negra.
Carlos Motta
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