//NEGÓCIOS// Carnaval foi ruim para comércio, bares e restaurantes. Hotelaria se salvou

Muitos carros nas ruas, poucos consumidores nas lojas

Congestionamentos na Coronel Pedro Penteado, principal rua de comércio da cidade, em horários de pico de tráfego de automóveis, são comuns e não servem como termômetro para medir o movimento de turistas e de negócios no feriado de Carnaval, que foi ruim para o comércio, bares e restaurantes e um pouco melhor para a rede hoteleira e passeios fora da cidade. 

O depoimento de um proprietário de lanchonete ao Viva! Serra Negra traduz a decepção dos empresários com o movimento em especial na região central durante o feriado: “Estou tão triste com a situação da cidade que prefiro ficar quieto. Estou triste por ver a cidade do jeito que está. Sei que é o planeta inteiro, mas Serra Negra não merecia isso”, desabafou o empresário, que pediu para ficar no anonimato. “Nem parece feriado de Carnaval”, completou.

Assim como o tráfego mais intenso, em alguns momentos do dia havia maior circulação de turistas, mas no interior das lojas era possível observar o fraco movimento de consumidores. Boa parte dos clientes quando decidia entrar reclamava dos preços ou evitava gastar.

As vendas no feriado de Carnaval ficaram abaixo das expectativas dos comerciantes ouvidos pelo Viva! Serra Negra. O movimento foi fraco nos estabelecimentos comerciais de segmentos como vestuário, artigos de cama, mesa e banho e até nas farmácias.

Os restaurantes populares, em geral lotados no Carnaval, também ficaram com boa parte das mesas vazias. Uma das principais reclamações dos comerciantes é que o poder aquisitivo do consumidor está corroído.

“Reclamaram até de peças de R$ 25”, relatou uma proprietária de loja de roupa infantil. “O movimento ficou abaixo dos fins de semana comuns”, acrescentou.

Hotéis e passeios

Reservas de última hora e a procura por hotéis e pousadas ajudaram a elevar a ocupação na rede hoteleira. “Nos últimos dias houve um aumento na procura. Reagiu bem”, disse Cibele Dib, presidente da Associação de Hotéis, Restaurantes e Similares de Serra Negra (Ashores). A empresária calcula que a ocupação média nos hotéis ficou em torno de 70%.

“Para a hotelaria foi um pouco melhor, porém, não conseguimos vender pacotes turísticos”, observou o ex-vereador Ricardo Fioravanti, empresários do comércio e da rede hoteleira de Serra Negra. 

“Vendemos diárias quebradas”, afirmou. Fioravanti explica que muitos hotéis tiveram de quebrar as diárias para poder elevar a ocupação. “Teve diária de um dia, dois e três, para poder fazer o rotativo de pessoas, mas foi muito devagar”, lamentou.

Fioravanti diz que o movimento nas lojas ao longo do feriado foi fraco. “As vendas em geral foram muito devagar, tanto na loja de enxoval, como na malharia, vestuário, e na farmácia”, afirmou. Para o empresário, o fraco movimento é reflexo em especial da pandemia de covid-19.

Se economizaram nas compras, os turistas aproveitaram para fazer passeios. Bruno Mantovani, proprietário do Serra 4x4 - Passeios de Jipe, disse que conseguiu preencher todos os horários de passeio. “O movimento para mim foi igual ao do ano passado, que já tinha sido bom”, comparou.

O empresário, no entanto, percebeu menor movimento de turistas na cidade do que em 2021. Mantovani atribuiu o menor fluxo de visitantes às mudanças no calendário de Carnaval, não só da prefeitura de Serra Negra, mas no das repartições públicas de todo o Estado e também das escolas.

“Muita gente foi embora no domingo, porque em algumas cidades, ontem e hoje, tinha aula ou porque eram funcionários públicos e tinham de trabalhar”, explicou. 

O empresário disse também que alguns turistas trocaram o passeio em Serra Negra por cidades vizinhas que tinham alguma programação ou atividade de Carnaval.

Recuperação lenta

Antes da chegada da variante ômicron, o faturamento no setor de turismo, o mais prejudicado pela pandemia de covid-19, estava começando a se recuperar. No ano passado, o setor faturou R$ 152,4 bilhões, 12% mais do que em 2021, mas ainda bem abaixo de 2019.

O crescimento no ano passado ocorreu em relação ao pior resultado da história do setor, em 2020,  um prejuízo de R$ 55,6 bilhões.

Os dados são da Pesquisa do Conselho de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), divulgada domingo, 27 de fevereiro.

Mariana Aldrigui, presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP, atribui a melhora dos negócios do setor ao avanço da vacinação no país, fundamental para controlar a pandemia e flexibilizar as medidas de segurança e de abertura econômica.

O setor de transporte aéreo apresentou um aumento de 28% no faturamento, o maior da pesquisa, seguido do grupo de alojamento e alimentação que faturou 13,1% mais do que em 2020.

Os técnicos da Fecomércio, que previam para 2022 o retorno do faturamento ao nível de 2019, começaram a rever as previsões em virtude da alta da inflação nos próximos meses.

Os especialistas avaliam que com os preços em alta e a queda do poder aquisitivo, os consumidores tendem a colocar o lazer em segundo plano. 

Serra Negra, que está localizada perto de grandes centros, como São Paulo e Campinas, pode não ser tão prejudicada, pois sem renda, segundo os técnicos, o turista vai preferir viagens curtas e mais baratas.


 

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