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No documentário “O presidente improvável”, Fernando Henrique Cardoso diz que foi o seu governo que criou o programa Comunidade Solidária, e muito tucano se diz orgulhoso por se tratar da origem do Bolsa Família.
Não é bem isso. Entre outras coisas, porque o programa, uma iniciativa da então primeira-dama, Ruth Cardoso, contava com recursos privados, embora tenha sido criado por decreto e reunia outras iniciativas. De qualquer forma, tinha seus méritos.
O Comunidade Solidária nunca teve a potência do Bolsa Família, criado e desenvolvido pelo governo do PT, na gestão de Lula, e que até hoje é referência mundial de combate à fome e à miséria.
Por uma questão eleitoral, Bolsonaro acabou com o Bolsa Família, substituído pelo Auxílio Brasil, que é um grande vexame.
Segundo pesquisa Datafolha, nem os beneficiários estão satisfeitos. O total de famílias abraçadas diminuiu, o valor pago é menor e a lógica do programa difere daquele que sempre norteou o Bolsa Família.
A aprovação e intenção de voto entre os beneficiários do Auxílio Brasil são menores do que a média bolsonarista: apenas 19% consideram seu governo ótimo ou bom e Lula tem 59% das intenções de voto.
Não é difícil entender a razão de FHC e Bolsonaro nunca alcançarem a força de Lula e do PT na questão social.
FHC até que tinha boa vontade em buscar soluções aceitáveis, mas não conhece a realidade da pobreza, não viveu a miséria, não tem amigos pobres, não teve experiência própria para pensar em soluções sociais. No seu documentário, ele deixa transparecer que reconhece isso.
Quanto a Bolsonaro, é incapaz de entender qualquer coisa. Deixa pra lá.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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