//CIDADE// Murillo dá a receita para transformar a Santa Lídia num complexo de turismo esportivo

Murillo Rodrigues dos Santos: “A cidade tem tudo para despontar no ecoturismo”


Se o Clube de Voo deu o pontapé inicial para transformar o Alto da Serra no principal ponto turístico de Serra Negra, a Associação Ambiental Santa Lídia/Clube do Triathlon está empenhada em tornar o Parque Ecológico Adib João Dib, conhecida como Represa Santa Lídia, no principal espaço turístico esportivo de Serra Negra e contribuir para que a cidade se destaque entre os melhores destinos de turismo ecológico e esportivo do país.

“A associação nasceu de uma vontade de transformar um lugar com potencial turístico esportivo, que estava feio, abandonado, cheio de usuários de drogas, em um complexo de treinamento e lazer para as famílias serranas e turistas”, afirmou o presidente da entidade, Murillo Rodrigues dos Santos.

Sua expectativa é estreitar a parceria da associação com a prefeitura municipal para ampliar o apoio em especial em relação à divulgação dos eventos.

“A prefeitura e a iniciativa privada precisam trabalhar juntas para alavancar o marketing e a divulgação dos eventos”, afirmou.

Murillo explica que a entidade não tem uma parceria oficial firmada com a prefeitura. Conta apenas com um acordo informal para utilizar a Represa Santa Lídia para provas e treinamento de triathlon.

“O que falta nesse apoio é uma divulgação melhor dos eventos”, salientou. A contrapartida oferecida pela associação é a divulgação da cidade e atrair com os eventos turistas para movimentar a economia da cidade.

“Em um dos camps (treinamento intensivo) que fizemos, divulgamos o evento em um canal de esportes no Youtube e tivemos 32 mil visualizações, o que quer dizer que indiretamente 32 mil pessoas estiveram em Serra Negra”, afirma.

A contrapartida da iniciativa privada, ele avalia, é também dar um retorno financeiro. “A gente movimenta o fluxo turístico e automaticamente tem mais gente e gera mais empregos”, explicou.

Murillo citou como exemplo uma competição de bike realizada em Campos do Jordão, interior de São Paulo. “Participam do L'Etape Brasil cerca de 2.500 atletas. Se contar os familiares, são quase 5 mil pessoas em um final de semana hospedadas em hotel, consumindo no município."

A inscrição do campeonato de Campos do Jordão varia de  R$ 900 a R$ 1.200. "É um público específico e muito bom para a cidade e Serra Negra, que tem características para esse tipo de evento”, comparou.

Entre os segmentos selecionados pelo Conselho Municipal de Turismo (Comtur), o ecoturismo, na sua opinião, é o que tem mais potencial em Serra Negra.

“A cidade tem tudo para despontar no ecoturismo”, observa. A Associação Ambiental Santa Lídia/Clube do Triathlon fez um mapeamento de cachoeiras, trilhas para mountain bike, voo livre e rapel na pedreira, entre outros, que podem ser explorados pelo turismo esportivo e ecológico.

Boa parte desses locais, no entanto, está localizada em propriedades particulares e será necessária autorização e a concordância dos proprietários para serem explorados.

“Teria de ter esse acesso e aval para adentrar na propriedade. Para criar uma nova identidade para Serra Negra temos de ter um cardápio mais recheado desse ecoturismo”, afirmou.

Os moradores de Serra Negra, na avaliação de Murillo, são prioridade e devem se beneficiar dos investimentos e do desenvolvimento do turismo na cidade.

“A questão é que essa ação de inclusão anda junto. Se os espaços públicos turísticos estão arrumados e mantidos para os turistas, automaticamente, vão estar disponíveis para a população. Mas é trabalho de formiguinha”, concluiu.


Murillo: rotina de esportista desde 2011

Dentista formado pela Universidade Metropolitana de Santos, Murillo tem uma história de amor com Serra Negra. Sua avó migrou da Espanha diretamente para Serra Negra, onde morou na Rua Petrópolis por muitos anos.

A casa da família foi mantida e no início dos anos 1990, Rodrigues, natural de Santos, mudou-se para Serra Negra, onde terminou o ensino fundamental e médio nas escolas estaduais Nair de Almeida e Jovino Silveira. Deixou Serra  para estudar odontologia.

“Saí  com aquela vontade de voltar, porque sempre gostei muito daqui”, relata. O sonho de retornar a Serra Negra se concretizou em 2015, quando voltou com a família para ficar. “Amo Serra Negra e daqui não saio mais”, afirmou.

Campeão de provas importantes da modalidade, como a Trirex Longo 2018 e das etapas Itatiba Copa de Triathlon do Interior 2019 e Paulínia 2019, Murilo participou de competições internacionais, como Maratona do Deserto do Atacama e 50 km Torres del Paine, na Patagônia, entre outras.

A prática do Triathlon e esporte de aventura passaram a fazer parte de sua rotina em 2011, quando decidiu adquirir hábitos mais saudáveis para melhorar a qualidade de vida.

“Entrei no Triathlon por saúde. Estava 15 quilos acima do peso e iniciando um processo de hipertensão e diabetes”, relatou. Começou a  atividade física pela corrida e depois foi apresentado ao triathlon por um amigo. “Foi paixão à primeira prova.”

A seguir os principais trechos da entrevista concedida ao Viva! Serra Negra.

Parceria com o setor público

O papel da prefeitura nos eventos que ocorrem na cidade é pelo menos fazer a divulgação. Afinal de contas ela é parceira. A prefeitura cede o espaço e na medida do possível a Secretaria de Esportes de Serra Negra tem ajudado com efetivo, mesas e cadeiras. O que falta nesse apoio é uma divulgação melhor dos eventos. Em relação à iniciativa privada, o retorno para a cidade também é a divulgação. Realizamos um camp (treinamento intensivo) e fizemos a divulgação do evento em um canal de esportes do Youtube. Tivemos 32 mil visualizações, o que quer dizer que indiretamente são 32 mil pessoas que estiveram em Serra Negra. O retorno também é financeiro para os hotéis e o comércio da cidade. A gente movimenta o fluxo turístico e, automaticamente, tem mais gente, gera mais emprego. A saída é a parceria público privada. Tendo essa parceria unida pelos mesmos objetivos, acho que tem tudo para ir para frente.

Represa Santa Lídia

A associação nasceu de uma vontade de transformar um lugar com potencial turístico esportivo, que estava feio, abandonado, cheio de usuários de drogas, em um complexo de treinamento e lazer para as famílias serranas e turistas. Trazendo eventos de grande porte e sempre tentando ajudar alguma instituição social e com o apoio da prefeitura. A gente não tem vínculo, não temos contrato nenhum de utilização da represa. Temos apenas apoio da prefeitura. A gente começou a cuidar do parque com carinho que ele merece, por livre e espontânea vontade, com recursos próprios e de alguns comerciantes locais, que acreditam no projeto da associação e no potencial do parque. Não há contrapartida de nenhum dos dois lados, apenas apoio da prefeitura e nossa boa vontade para fazer com que o espaço vá para frente com todo o potencial que ele tem, tanto para a população serrana, para o lazer das famílias, como para o turista.

Conservação do local

O que falta na Santa Lídia é uma presença mais ativa em manutenção, apesar que o parque é grande e só tem o "seu" Luiz para cuidar da grama toda, do mato, acaba ficando difícil. E da parte da entrada do parque, na estrada, até a entrada do estacionamento, cria muito mato. Se a gente tivesse um ambiente mais organizado no que diz respeito à manutenção, teríamos um ambiente mais propício para receber turistas e para treinamento. Para receber provas, trouxemos o presidente da Superliga Brasil de Triatlon e ele fez algumas exigências, como calçamento do estacionamento, parte de asfalto na volta da represa, melhorando os banheiros (luz, chuveiro para tomar banho) e ter algum apoio para que o atleta, o turista e a população serrana se sintam bem, consigam treinar e tenham um lugar para se trocar, para tomar banho para ir embora. Mas isso acho que a prefeitura já está correndo atrás. Espero que logo isso já esteja resolvido.

Ecoturismo

Serra Negra tem tudo para despontar no ecoturismo. Realizamos um mapeamento de cachoeiras, trilhas, mountain bike, voo livre, rapel na pedreira, várias coisas de trekking, várias coisas que podemos explorar. É preciso conversar com o dono da propriedade particular. Há muitas cachoeiras lindas que são propriedades particulares. Teria de ter esse acesso e aval para adentrar na propriedade. Para criar uma nova identidade para Serra Negra temos de ter um cardápio mais recheado desse ecoturismo. Hoje, o Alto da Serra já está consolidado. É um produto vendável, badalado, mas ficamos restritos nele. A Santa Lídia, a Barragem, o Cristo, ainda falta algo a mais para atrair o turista. O turista vem para Serra Negra para viver uma experiência. Tínhamos de criar um circuito de ecoturismo, com um receptivo legal para oferecer ao turista várias opções de atividades para a semana inteira.

Infraestrutura

Serra Negra tem uma rede hoteleira espetacular, uma gastronomia excelente, o que muitas cidades para esse público específico não tem. O turista mudou. Na faixa entre 30 e 60 anos, o turista não quer ficar o dia inteiro dentro do hotel. Em geral, tem um poder aquisitivo excelente para a cidade. Mas vai acordar de manhã e vai querer ter uma experiência no destino. Quer trazer a bike, pedalar nas rotas de manhã, à tarde vai para o Centro com a família, à noite sai para tomar um vinho bom, jantar em um restaurante legal, e no outro dia quer conhecer outro ponto turístico. Hoje a gente não pode abrir os camps e eventos devido à pandemia. Mas tomando como exemplo as provas que a gente vai no Brasil e ao redor do mundo, como o L'Étape Brasil, uma prova de bike que acontece em Campos do Jordão, eles trazem cerca de 2.500 atletas. Se contar os familiares, são quase 5 mil pessoas em um final de semana hospedadas em hotel, consumindo no município, com uma inscrição que varia de R$ 900 a R$ 1.200. Serra Negra precisa se preparar um pouco melhor nos pontos turísticos para receber esse tipo de turista. Mas Serra Negra tem total potencial para esse tipo de evento.

Marketing

O marketing é fundamental para a divulgação da parte do ecoturismo e do turismo esportivo. Realmente hoje o marketing forte mesmo são as redes sociais. Você consegue marcar as pessoas, compartilhar, você viraliza. Agora, com o Viva! Serra Negra está levantando, tem tido umas postagens legais, mas dentro da cidade não temos divulgação do que acontece aqui. Você tem um jornal que coloca notícias de esportes de outras cidades vizinhas, mas não coloca o que acontece em Serra Negra. Você vê que todos esses camps tiveram divulgação, mas que foi só no dia seguinte, mas não teve divulgação prévia. Todos os eventos que aconteceram aqui dentro da cidade foram mais divulgados em São Paulo, fora da região do que propriamente em Serra Negra. No ano passado tiveram aqui grandes marcas, como a Track, marca boa de bicicleta, Heineken Zero, o Strava que é responsável por praticamente aplicativo de GPS do Brasil e do mundo, a Dobro, a Vitafor Nutrientes, que é marca de suplemento, trouxemos vários atletas olímpicos, profissionais e a cidade pouco divulgou. É importante essa parceria entre o marketing do poder público juntamente com o privado, que já está acontecendo.

Cidadão serrano

Os moradores são sempre prioridades. A questão é que essa ação de inclusão anda junto. Se os espaços públicos turísticos estão arrumados e mantidos para os turistas, automaticamente, vai estar disponível para a população. Mas é trabalho de formiguinha. Tem de identificar esses pontos da cidade, catalogados com a devida licença de uso e trabalhar um receptivo turístico com os próprios moradores com as pessoas que moram perto dos pontos turísticos e tentar fazer um trabalho com escolas, com as crianças ensinando sobre as cidades, os pontos turísticos, a história da cidade e tentar trabalhar um receptivo com pessoas daqui mesmo. Isso seria o melhor. Os moradores conhecem melhor que ninguém as trilhas, a parte das pedreiras e cachoeiras. 




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