//NEGÓCIOS// Prédio do Vendão será demolido para dar lugar a supermercado moderno

 Obra que ficará no lugar do Vendão deverá ser concluída no próximo ano


O antigo prédio em que estava instalada a unidade da rede de Supermercado Colorado conhecida como Vendão, localizado na Avenida Bernardino de Campos, 251, será demolido para que seja construído no local um supermercado moderno e adequado à estratégia mercadológica do grupo no município e na região.

Assim como a Praça Sesquicentenário, em frente da qual está localizado, o prédio do Vendão é um dos cartões de visita de Serra Negra. Os proprietários não sabem dizer exatamente qual é a data de construção do imóvel.

Mas sua estrutura antiga e com características de construções dos anos 1930 foi considerada por engenheiros responsáveis pelo projeto do novo supermercado incompatível com as normas exigidas para o funcionamento de um estabelecimento desse tipo.

A avaliação de engenheiros contratados pela empresa é de que o prédio, adquirido no fim da década de 1970 pelo fundador da rede, o empresário Antônio Renato Gasparini Marson, o Toninho, inviabiliza o cumprimento de exigências da legislação e a construção de um estacionamento e de uma loja com a acessibilidade necessária.

“Para adotar essas medidas teríamos de rebaixar o prédio”, diz Caroline Saragiotto Marson, a Carol, uma das proprietárias da rede, que tem como sócios também seus irmãos Paola Saragiotto Marson e César Saragiotto Marson. 

A empresária salienta que desde o início da elaboração do projeto de construção do novo supermercado, a intenção da família era preservar pelo menos a fachada.

“Mas, infelizmente, isso não será possível, pois para atender todas as normas exigidas para o funcionamento de um supermercado, como legislação, acessibilidade e estacionamento, teríamos de rebaixar o prédio”, afirma.

A nova loja será a segunda unidade da rede planejada e construída pelos três irmãos. A loja do Colorado Shopping foi a primeira idealizada pelos irmãos sem a presença do pai, falecido em 2004.

O projeto de construção de uma nova unidade adequada à estratégia de negócios da rede vem sendo preparadoo pela família há cerca de dois anos.

“A conservação de um prédio desse porte é de alto custo, além de não atender às necessidades de um supermercado. O prédio está obsoleto, não há conforto e nem segurança aos clientes”, acrescentou a empresária.

Carol lamenta a ausência de uma política municipal de preservação do patrimônio histórico da cidade. “Infelizmente, Serra Negra não é uma cidade de conservação do patrimônio, não há mais nada para conservar”, disse.

O prédio do Vendão, assim como outros que já foram demolidos em Serra Negra, a empresária argumenta, talvez tivessem sido preservados se a cidade tivesse uma legislação que regulamentasse o tombamento dos imóveis.

Uma lei dessa natureza é essencial para preservar bens de valor histórico, cultural, arquitetônico e ambiental para a população, impedindo a sua demolição ou descaracterização. A família consultou também o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico, órgão da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo (Condephaat).

"O prédio, segundo o Conselho, não está nem dentro da região que seria o patrimônio histórico da cidade", ressalta Carol.

A empresária lembra ainda que muitos edifícios com valor superior ao do Vendão para o patrimônio da cidade não foram preservados. “Por isso, temos que olhar adiante, pensar no futuro, no que podemos fazer para melhorar a nossa cidade daqui para frente”, afirmou.

Carol avalia que a inauguração da nova loja trará benefícios para a economia do município. O novo empreendimento deverá estimular a criação de 90 a 100 novos empregos diretos no mercado de trabalho serrano.

A direção da rede Colorado só espera que a chuva dê uma trégua para iniciar as obras, que devem começar pela terraplanagem. “As obras estão agora à mercê das chuvas”, explicou.

A inauguração está planejada para o segundo semestre de 2023. “A previsão é do meio do próximo ano para a frente. Mas não dá para ter uma certeza. Dependemos muito de terceiros para tudo”, ressalvou.

A construção do novo prédio é apenas a primeira etapa. Em seguida, vêm as instalações dos equipamentos que, segundo Carol, são bastante complexas. “Tem gerador, encanamento para refrigeração, câmaras frias e gôndolas”, diz.

Cada um desses equipamentos são instalados e fornecidos por uma empresa diferente. Cada empresa, Carol observa, tem seu prazo de conclusão do trabalho. “Quem sabe a inauguração será no Natal de 2023?.”

Histórico

O Vendão atendia em especial moradores da zona rural. Além dos produtos típicos de um supermercado, a unidade, localizada na entrada da cidade, era frequentada em especial por produtores rurais que encontravam ali utensílios de trabalho, como peneira, enxada, foice, facão, ração e galocha, entre outros.

Os proprietários do imóvel não sabem informar o ano de sua construção. O prédio foi comprado em 1977. O edifício pertencia a família Bruschini, beneficiadora de café. Até 1988 era uma distribuidora de ração. Passou a funcionar como supermercado em 1996.

O primeiro supermercado Colorado foi inaugurado em 1969 pelo empresário Antônio Renato Gasparini Marson, o Toninho. Mas a história do grupo começa em meados dos anos 1960.

Entre 1965 e 1968, Toninho e seus sócios vendiam seus produtos em um dos box do Mercado Municipal de Serra Negra, chamado de Mercearia 3 Estrelas.

Em 1971, Toninho já era o único proprietário do supermercado localizado na Rua Padre João Batista Lavello. A segunda loja foi inaugurada em 1977, na Avenida João Gerosa, unidade conhecida hoje como Colorado 3.

Também em 1977, Toninho adquiriu o prédio onde funcionava o Vendão e no fim da década de 1980, o transformou em supermercado. Mas só em 1996 passou a ser chamado de Vendão. O Colorado 2, localizado na Rua Sete de Setembro, foi inaugurado em 1992.

Toninho faleceu em 2004, três anos antes da inauguração da loja Colorado Shopping, a primeira unidade idealizada e construída pelos três irmãos Paola, Cesar e Caroline.



Comentários

  1. Enquanto cidades da região, como Amparo e Monte Alegre do Sul, procuram preservar seu patrimônio histórico, não apenas por questão cultural mas como ponto de atração turística, Serra Negra vai destruir uma das únicas edificações ainda preservadas na cidade. E a Prefeitura e os conselhos municipais e os historiadores do município e da região, nada têm a dizer a respeito? Sem dúvida, uma VERGONHA!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Deveria ler o texto falando sobre o assunto.

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  4. Falam dos altos custos como se fossem pobres coitados, sejam cidadãos finos, façam o rebaixamento, vocês são ricos, tenham vergonha na cara.

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