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Para muitos franceses, a traição conjugal não é necessariamente a “caretice” moralista, mas a quebra de confiança. Essa filosofia é perceptível no cinema francês, a exemplo de “Avec amour et acharnement”, o mais recente filme de Claire Denis, exibido no Festival de Berlim.
Dá para traçar paralelos com a política, onde a traição é prática e se dá por falta de confiança. Muita gente começa a procurar portos mais seguros quando veem que o barco está fazendo água.
Por isso Bolsonaro e sua fábrica de fake news atuam para tentar desacreditar as pesquisas de intenção de voto. Coerente com o raciocínio (?) bolsonarista, ele e seu entorno sabem que as pesquisas estão certas, mas como elevam a falta de confiança na reeleição, precisam ser desmentidas. A tática é a de sempre: para se contrapor aos fatos, recorre-se às falácias.
Com as pesquisas, cresce a pressão por desembarque. Além dos grupos de decepcionados que o abandonaram nesses três anos, a onda bate no Centrão, que não sabe o que é ficar longe do poder.
A quebra de confiança na reeleição custa caro. Para os desmatadores, tradicionais apoiadores do genocida, eu, você, nós, estamos emprestando dinheiro subsidiado pelo Tesouro.
Segundo denúncia do grupo Repórter Brasil, o BNDES liberou R$ 29 milhões para fazendeiros flagrados pelo Ibama desmatando a Amazônia para comprarem tratores e máquinas agrícolas. Os recursos passam pelo banco John Deere, o braço financeiro do fabricante das máquinas.
Para agradar grandes empresas e setores sociais, o custo da fragilidade de Bolsonaro pode chegar a R$ 230 bilhões aos sofres públicos. Esse é o tamanho da bomba fiscal em gestação no Planalto e no Congresso.
Só para manter o apoio de caminhoneiros, eu, você, nós, vamos pagar R$ 17 bilhões de subsídio ao diesel. Caso a medida seja estendida à gasolina, lá se vão mais R$ 83 bilhões.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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