//EDUCAÇÃO// Diretoria regional garante que não faltam vagas noturnas em Serra Negra



A Diretoria de Ensino da Região Mogi Mirim negou que haja falta de vagas para alunos do Ensino Médio que precisam frequentar o período noturno da Escola Estadual Dr. Jovino Silveira, em Serra Negra. Além de vagas disponíveis, a diretoria informa que a escola teria disponibilidade de salas de aula para criar novas turmas.

A informação foi enviada pela diretora de ensino da Região Mogi Mirim, Regina Navas Santos, à Câmara Municipal de Serra Negra, que aprovou, na sessão de 14 de fevereiro, um requerimento solicitando a ampliação da oferta de vagas no período noturno para os alunos que precisam trabalhar.

A demanda de alunos serranos pelo ensino no período noturno teria aumentado com a introdução em Serra Negra do Programa Ensino Integral (PEI) do governo do Estado de São Paulo. A Escola Estadual Dr. Jovino Silveira, a primeira a aderir ao PEI, passou a atender os alunos no período diurno das 7 horas às 14 horas e das 14h15 às 21h15.

Alunos do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) e do Ensino Médio no horário noturno são atendidos das 19 horas às 23 horas. A outra opção de ensino noturno em Serra Negra é oferecida pela Escola Estadual Professora Franca Franchi, localizada na Rodovia Serra Negra - Monte Alegre do Sul, distante do centro da cidade.

O vereador Roberto de Almeida (Republicanos) informou que a mudança levou pais e alunos ao Conselho Tutelar para garantir uma vaga no horário noturno na Escola Estadual Dr. Jovino Silveira, que já estaria com seus quadros completos. Em apenas um dia, o Conselho Tutelar teria sido procurado por 12 pais de alunos.

No ofício encaminhado à Câmara Municipal a diretoria de ensino informa não ter conhecimento da falta de vagas para o ensino noturno.

“Esclarecemos que em nenhum momento fomos informados pela unidade escolar sobre a inexistência de vagas no período noturno e ressaltamos que conforme relatório da Secretaria Escolar Digital em 16/02/22, a unidade escolar apresenta vagas disponíveis em todas as séries e possui duas salas ociosas no período noturno para possível abertura de mais turmas”, diz o ofício.

O presidente da Câmara Municipal, César Augusto Borboni, o Ney, enfatizou as informações da diretoria de ensino de Mogi Mirim. A diretora, Regina Navas, além do ofício, entrou em contato com o presidente da Câmara por telefone após a sessão que aprovou o requerimento.

“Ela assistiu à sessão, estava muito brava e disse que não está faltando vagas e que se isso estivesse ocorrendo abriria imediatamente novas turmas”, afirmou Ney. A Escola Estadual Dr. Jovino Silveira conta com duas vagas para o período noturno.

O vereador Roberto de Almeida explicou que a oferta dessas duas vagas é reflexo do esforço dos empregadores serranos, que reduziram a jornada de trabalho dos estudantes, e da diretora da Escola Estadual Dr. Jovino Silveira, Nádia Maria Correa de Carvalho Silva.

Ela desdobrou a sala de aula noturna para criar uma turma de alunos que precisam trabalhar.

“Os empregadores conseguiram dar um jeito de os adolescentes não se ausentarem no período escolar. Sei de supermercados que diminuíram a carga horária para os alunos não faltarem na escola”, explicou Almeida.

A vereadora Viviani Carraro (Avante) também atribui o aumento das vagas à adaptação do horário pelos empregadores e ao desdobramento das salas de aulas no horário noturno da Escola Estadual Dr. Jovino Silveira.

“Se esses alunos não conseguissem estudar no Jovino, teriam de ser transportados para o Franca Franchi, que é a única outra escola que tem período noturno para o ensino médio. Os pais queriam uma vaga para seus filhos no Jovino para evitar que fossem transferidos para a Franca Franchi”, explicou.

PEI é para quem não trabalha

Para a vereadora, o Programa de Ensino Integral seria o ideal para todos os alunos. Viviani explica que esse é o modelo semelhante ao adotado em países desenvolvidos. Mas a realidade no Brasil, em São Paulo, o Estado mais rico do país, e em Serra Negra, é outra.

Os supermercados Colorado, Ciamdrighi e União são os principais empregadores desses jovens trabalhadores no município. Eles são contratados pelo Programa Jovem Aprendiz e boa parte por meio da Guarda Mirim, que conta com 22 alunos do Ensino Médio, de 16 a 17 anos.

A maioria dos empregadores prefere contratar os estudantes que cursam o ensino no período noturno. O supermercado Colorado oferece 12 vagas para esses trabalhadores, mas dá preferência aos alunos do período noturno.

A direção da Escola Estadual Dr. Jovino Silveira chegou a criar uma nova turma para atender a demanda da Guarda Mirim de Serra Negra. Boa parte das vagas oferecidas pelos supermercados e as mais difíceis de serem preenchidas são as do período da tarde.

A carga horária do jovem aprendiz contratado pela Guarda Mirim é de 30 horas semanais, 6 horas diárias de terça-feira às sextas-feiras. Na segunda-feira, os jovens trabalhadores frequentam cursos de capacitação. A Guarda Mirim já chegou a ter 50 alunos na fila de espera por uma vaga no mercado de trabalho.

Empresas como o Frigo Charque e outras da região do Circuito das Águas Paulista também estão ofertando vagas para esses alunos, mas dão preferência para os que estão cursando o ensino noturno.

Profissionais do mercado de trabalho na cidade, consultados pelo Viva! Serra Negra que preferiram não ser identificados, avaliam que os alunos que precisam trabalhar têm dificuldade de se enquadrar no Programa de Ensino Integral do governo do Estado de São Paulo e que a oferta de vagas no período noturno foi reduzida com a introdução do PEI.

A maioria dos alunos do Programa Jovem Aprendiz é de famílias carentes, que dependem do salário dos adolescentes para complementar o orçamento. O horário escolar integral, avaliam, tem dificultado a colocação desses jovens no mercado de trabalho. As escolas e empresas da região têm procurado se adequar ao horário dos alunos que frequentam o PEI, mas nem sempre isso tem sido possível. 



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