//FERNANDO PESCIOTTA// Verme



Há algum tempo, uma gata de rua foi se aconchegando na minha casa, em busca de comida. O máximo de carinho que ela aceita, porém, é o prato de ração abastecido duas vezes por dia.

Recentemente, ela apareceu acompanhada de duas crias. Dois bebês que ela tratava com esmero e atenção redobrada.

Ontem, seu miado característico para chamar os filhotes soou triste. Era de cortar o coração vê-la cabisbaixa e insistindo no chamado. Um dos filhotes já não podia obedecê-la, estava estatelado na calçada, sem vida.

Dizem que alguns vizinhos estão dando veneno por se sentirem incomodados com os gatos rondando suas casas.

Devem ser bolsonaristas. Afinal, seu líder é pregador da morte, dos outros, que fique bem claro – no domingo (2), quando chegou ao hospital com a alegada obstrução intestinal, chorava feito um covarde com medo de morrer.

Ao deixar o hospital, nesta quarta-feira (5), o vagabundo usava colete a prova de balas e ironizou o fato de ter tirado férias prolongadas, com passeios pagos pelo poder público, enquanto centenas morriam nas enchentes.

Nenhuma solidariedade com as famílias das vítimas, com os atingidos pelas cheias, com aqueles que perderam todo o pouco que tinham, nenhuma visita à região, nenhum gesto de afeto.

Na verdade, explodia em êxtase. Bolsonaro adora a morte alheia. Pregou a morte de adversários, praguejou a vida de Dilma Rousseff quando ela estava com câncer, prometeu metralhar os petistas e foi fundamental para a pandemia tirar a vida de quase 620 mil brasileiros – ele nem sabe esse número, pois na mesma entrevista disse que são 601 mil.

Poucas horas depois da “traumática” hospitalização, o genocida estava em Goiás prestigiando um jogo de futebol organizado por cantores sertanejos. Sem comentários. É mais produtivo eu ir ver a gata chorosa.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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