//FERNANDO PESCIOTTA// Não olhe para cima



Adam McKay, diretor do filme que é um dos maiores sucessos globais de todos os tempos do streaming, deu indicações de que a trama pode mesmo ter sido influenciada pela realidade paralela proporcionada por Bolsonaro, uma inspiração e tanto.

Na trama, um cometa se aproxima da Terra e ameaça a humanidade. A chefe de Estado, interpretada por Meryl Streep, pede que a população não acredite nos astrônomos.

Igual Bolsonaro pedindo para não acreditarmos na ciência que combate a pandemia.

Corta para a nova cena: artigo assinado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, publicado por O Globo na edição de domingo (16), compara o PT ao cometa do filme.

O texto expõe o pouco caso de Lira e de seu governo bolsonarista com os problemas climáticos, em boa parte provocados exatamente por esse pouco caso.

McKay se irritou com o artigo e no mesmo domingo foi ao Twitter dizer que Bolsonaro “certamente pediria que as pessoas não olhassem para cima".

Imagino que diariamente milhões de pessoas ao redor do mundo falam desse filme, mas a reação instantânea do diretor norte-americano à publicação num jornal brasileiro é reveladora da atenção dada às atrocidades que ocorrem por aqui.

Usuários das redes sociais apoiaram a iniciativa de McKay e reforçaram as semelhanças entre a personagem de Streep e Bolsonaro.

Enquanto o assunto crescia nas redes, o genocida dava entrevista a uma rádio do Espírito Santo reafirmando suas restrições à vacina, principalmente para crianças. Sem provas, voltou a dizer que podem haver efeitos colaterais, “e não são poucos”.

McKay tem razão.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com



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