//FERNANDO PESCIOTTA// Crueldade inflacionária



Sem uma política econômica que corrija rotas e preveja crescimento para criar emprego e renda, o Brasil amplia as desigualdades.

A análise do impacto da inflação por faixa de renda feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) confirma o que já escrevi aqui e mostra o tamanho da maldade com os mais pobres.

De acordo com o estudo, a deformação socioeconômica brasileira permite que a inflação seja mais cruel com o piso da pirâmide e menos impactante para os mais ricos.

Conforme o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, a alta de preços chegou a 10,40% para as famílias de renda média baixa, entre R$ 2.702,88 e R$ 4.506,46.

Para as famílias com renda mensal de até R$ 8.956, a inflação foi maior do que o IPCA apurado em 2021, que ficou em 10,06%, e para aquelas com renda mais alta, ficou abaixo de 10%.

Os serviços, que pesam mais na cesta de consumo dos ricos, tiveram queda de preços por causa da restrição de circulação na pandemia.

Por outro lado, os mais pobres foram fortemente impactados pelo reajuste de produtos básicos, como alimentação, luz e gás de cozinha.

O governo Bolsonaro não parece preocupado com isso. Não se solidariza com o sofrimento da maior parcela da sociedade e nem busca algum conforto para compensar a perda de renda. Esse mesmo governo ganha com a alta da inflação.

Entre outras vantagens, a inflação alta de um ano, de acordo com as novas regras colocadas pelo Centrão, calibra o Orçamento do ano seguinte. Assim, Bolsonaro terá R$ 1,8 bilhão a mais para gastar neste ano eleitoral.


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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com




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