//TURISMO// Novo Plano Diretor mostra mais de 40 pontos fracos que travam o setor na cidade



Salete Silva

Serra Negra tem potencial turístico. É uma cidade bonita, com atrativos naturais, patrimônio cultural, ambiental e paisagístico, conta com um centro de convenções invejável, uma ampla rede hoteleira e de bares e restaurantes, além de um comércio premiado e vocação para o turismo ecológico, rural e de aventura.

Seus pontos fracos, no entanto, impedem o desenvolvimento do turismo da cidade e dificultam a inserção do município no mercado turístico estadual e nacional. Essa é a principal conclusão do Plano Diretor de Turismo, cuja revisão, desenvolvida pela empresa de consultoria Candida Baptista, foi aprovada pelo Conselho Municipal de Turismo (Comtur). O documento deverá passar pela Câmara Municipal em 2022.

Renovado com o objetivo de orientar ações para aprimorar e diversificar a oferta turística nos próximos três anos, o novo plano diretor mostra os principais pontos fortes e fracos do turismo serrano e apresenta sugestões para estimular o desenvolvimento do setor.

Entre os mais de 40 pontos fracos listados no documento, destacam-se problemas simples que poderiam ser solucionados com melhor articulação entre o poder público e a iniciativa privada e com maior entrosamento e união entre os próprios empresários ligados ao turismo.

A baixa qualidade no atendimento ao visitante é um dos pontos fracos do turismo local, aponta o documento. Além disso, boa parte dos estabelecimentos não dispõe de estrutura de acessibilidade para portadores de necessidades especiais. 

O turista não encontra no município sequer roteiros organizados que incluam transporte, comida e visitação aos atrativos. Serra Negra também não dispõe de receptivo para os turistas. “O serviço de receptivo local é primário, havendo pouca oferta de roteiros estruturados aos turistas que visitam o destino”, cita o texto.

O Centro de Convenções é subutilizado, segundo o novo Plano Diretor. O trânsito e estacionamento no centro da cidade são desordenados. Além disso, falta capacitação profissional do pessoal ligado ao turismo. O município necessita de uma política turística com uma estratégia de preços atrativos para as baixas estações.

Um dos maiores desafios apontados pelo documento é o desenvolvimento de um plano de marketing para que ações e investimentos públicos e privados, como os realizados pela atual administração na decoração de Natal e na programação natalina deste ano, ganhem projeção estadual e nacional, atraindo turistas de todo o país e colocando Serra Negra entre os principais roteiros oferecidos pelos agentes de viagem.

O plano de marketing é uma das medidas mais urgentes apontadas pelo documento. A iniciativa é fundamental não só para elevar o fluxo de turistas como para atrair empresas interessadas em investir no município. A criação do centro de informações turísticas na área central da cidade também é apontada como medida essencial para o desenvolvimento do turismo local.

O secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Serra Negra, Carlos Tavares, reconhece as fragilidades do mercado turístico do município. Boa parte das soluções para os problemas apresentados pelo novo Plano Diretor, no entanto, não dependem, na sua avaliação, de recursos públicos, mas do trabalho dos agentes turísticos e do envolvimento de empresários e da população.

“Só temos dois agentes de turismo que oferecem pacotes com programas de passeios. Quando chegamos em um destino, nos hotéis já há agentes vendendo esses pacotes”, comparou.

Para o presidente do Comtur, Achiles Montovani, a especialização na oferta de pacotes turísticos é uma boa oportunidade de negócios para os serranos que pretendem investir no setor turístico.

“É um segmento ainda não explorado em Serra Negra e montar esses pacotes para oferecer às operadoras é uma boa oportunidade de negócios”, disse.

Entre os gargalos turísticos, o secretário reconhece também a carência de bolsões para estacionamento de ônibus e vans. A meta é ter um ponto adequado na Praça Sesquicentenário para o desembarque e embarque dos turistas.

Outro setor ainda em situação muito precária é o turismo rural. As rotas já estão definidas, mas a maioria das propriedades catalogadas não está adequada e regularizada para atuar de forma profissional. “O turismo rural ainda precisa ser estruturado”, afirma.

Algumas propriedades não funcionam em horário regular e muitas vezes estão fechadas quando o turista chega para a visitação. Além disso, há produtos oferecidos sem os selos da vigilância sanitária e municipal necessários. “Há bons atrativos no turismo rural, mas não estão funcionando de forma adequada”, explicou o secretário.

O município carece ainda de um inventário de oferta turística, com informações sobre todos os atrativos, serviços, equipamentos e infraestrutura de apoio ao turista, uma exigência do Ministério do Turismo.

O documento propõe ainda a revitalização do Centro de Convenções e a criação de dois novos departamentos na Secretaria de Turismo: um de planejamento e outro de eventos, responsável pelas atividades sazonais e pontuais da cidade. 

Abaixo, os pontos fortes e fracos de Serra Negra apontados no novo Plano Diretor:

Pontos Fortes 

Turismo 

• Beleza da cidade;

• Quantidade e diversidade dos atrativos naturais;

• Existência de patrimônio cultural, ambiental e paisagístico;

• Infraestrutura dos atrativos naturais;

• Meio ambiente;

• Turismo cultural;

• Festas tradicionais e diversidade de eventos;

• Existência do Centro de Eventos;

• Sinalização turística;

• Existência de entidades e associações relativas ao turismo;

• Gastronomia;

• Existência de atrativos naturais bem estruturados e qualificados;

• Potencial para turismo em áreas rurais;

• Informações e estudos turísticos;

• Consciência da preservação ambiental para a atividade turística;

• Existência de ampla rede hoteleira com grande diversidade de opções;

• Existência de rede de restaurantes e bares com cardápios variados.


Infraestrutura

• Telefonia celular recebe sinais de quatro operadoras (Tim, Vivo, Oi e Claro);

• Disponibilidade de sinal de internet;

• Existência de hospitais;

• Existência de serviços de táxi e mototáxi;

• Bons acessos rodoviários ao município.


 Meio Ambiente

• Rica fauna e flora;

• Alta biodiversidade;

• Densa rede de recursos hídricos;

• Ecoturismo.


Cultura

• Vários pontos para comercialização do artesanato;

• Conservação do patrimônio material e imaterial;

• Identidade cultural rica;

• Qualidade do artesanato local;

• Existência de agenda de eventos culturais.


Pontos Fracos

Turismo

• Baixa qualidade de atendimento;

• Falta de conhecimento e habilidades empresariais de grande parcela dos 

empreendedores;

• Crescimento desordenado de empreendimentos e atrativos turísticos;

• Ausência de fiscalização ambiental e licenciamento de atrativos naturais;

• Difícil acesso a alguns atrativos naturais.

• Falta política de preços atrativa nas baixas estações

• Muitos estabelecimentos sem estrutura de acessibilidade para portadores de necessidades especiais.

• Falta de roteiros organizados que incluam transporte, comida e visitação aos atrativos.

• Falta de integração entre o trade turístico.

• Capacidade ociosa dos equipamentos turísticos durante a semana

• Pouca divulgação do município como destino turístico em nível nacional.

• Ausência de campanhas sistemáticas de conscientização dos benefícios 

diretos e indiretos da atividade turística.

• Má divulgação dos eventos em nível nacional.

• Ausência de mostras culturais.

• Faltam projetos de planejamento e organização dos eventos da cidade.

• Baixa qualificação dos profissionais ligados à cadeia do turismo.

• Não há divulgação dos estudos e informações turísticas.


Infraestrutura

• Banheiros públicos não são suficientes.

• Centro de Eventos é subutilizado.

• Insuficiência de lixeiras públicas.

• Falta de polícia turística.

• Inexistência de transporte turístico regular.

• Falta de regras de trânsito e fiscalização nos eventos

• Trânsito e estacionamento desordenado no Centro.


Meio Ambiente

• Poluição sonora e visual em áreas urbanas.

• Falta implementação e fiscalização quanto à aplicação das leis pertinentes de uso do solo.

• Os impactos causados pelos eventos geradores de grande fluxo turístico.

• Inexistência de estudo de capacidade de carga dos atrativos naturais e culturais

• Faltam sanitários públicos.

• Carência de serviço qualificado de arborização urbana.

• Inexistência de iniciativas de busca por certificações do turismo e da sua produção associada.

• Má divulgação da rica biodiversidade do município.


Cultura

• Associações pouco atuantes.

• Falta de comunicação entre as associações existentes.

• Identificação inadequada dos estabelecimentos de venda de artesanato.

• Ausência de postura associativa por parte dos artesãos.

• Pouco incentivo de disseminação da cultura local para os jovens.

• Má qualidade na promoção e divulgação das atividades culturais.

• Inexistência de planejamento e organização das atividades culturais.

• Pouca produção artesanal.

• Pouca utilização de especialistas culturais existentes.


Oportunidades

• Localização geográfica próxima a grandes centros.

• Existência de ligações rodoviárias com os grandes centros.

• Existência de linhas regulares diárias de ônibus intermunicipal.

• Eventos nacionais do setor de turismo como oportunidade de divulgação.

• Incentivos do governo.

• Aproveitamento de recursos estaduais e federais direcionados ao turismo.

Ameaças

• Más condições das rodovias de acesso ao município.

• Elevado número de população flutuante vindas de grandes centros, aumentando o nível de criminalidade no município, especialmente nos períodos dos principais eventos turísticos. 

• Concorrência de municípios com atuação no mesmo segmento



Comentários

  1. Está tudinho aí, destrinchado e explicado. Agora falta a ação concreta dos entes públicos e privados envolvidos. E, acima de tudo, conscientização e pressão da população para que os mecanismos necessários sejam acionados.

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  2. Não tem 40 tem 100 motos para em quer lugar

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