//SAÚDE// Serra Negra tem 700 pacientes à espera por cirurgia

Ricardo Minosso: “Consigo controlar a demanda mensal, mas não consigo atender a reprimida"


Juliana Gottardi e Salete Silva


Cerca de 700 pacientes esperam na fila por uma cirurgia em Serra Negra. Apenas dez exames mensais de cateterismo, essenciais para o tratamento de patologias cardíacas, são ofertados para 42 municípios localizados nas regiões de Campinas, Circuito das Águas Paulista e Bragança Paulista.

Esses são alguns dados que revelam a situação caótica no setor de especialidades médicas, o principal gargalo no atendimento de saúde do município.

“Quando assumi a secretaria já havia especialidades com espera de seis meses a um ano”, relata o secretário municipal de Saúde, Ricardo Minosso, em entrevista ao Viva! Serra Negra. Há pacientes que esperam há quatro anos por uma cirurgia ortopédica. O secretário revela que nesse período o Estado não ofereceu uma vaga.

Outra dificuldade da área da saúde é atender a demanda por exame de colonoscopia, um dos mais indicados pelos médicos pela eficiência em diagnosticar patologias intestinais. “Hoje aqui, colonoscopia é um exame muito solicitado por médicos clínicos. É importante para diagnóstico de um câncer, só que não há prestador na região”, explica o secretário.

A referência do Estado para o encaminhamento dos pacientes para a realização da colonoscopia é Santa Bárbara do Oeste. “O preparo desse paciente é complexo e é preciso rodar com ele 80 quilômetros até chegar ao local do exame. O SUS não oferta prestador”, explica.

Para tentar compensar a ineficiência do Estado, a prefeitura contrata profissionais locais, que não conseguem, no entanto, atender à demanda. “Consigo controlar a demanda mensal, mas não consigo atender a reprimida. Colonoscopia é só um exemplo”, explica o secretário.

Minosso reconhece que a secretaria terá competência para encaminhar apenas 50% das 700 cirurgias pendentes. A administração municipal só consegue resolver os casos de baixa complexidade, como retiradas de vesículas, hérnias, além das oftalmológicas e otorrinológicas  

“Ninguém tira 700 cirurgias do dia para a noite. Você precisa do hospital que queira fazer”, explica o secretário. Parte dessas cirurgias é de média e alta complexidade, que são de responsabilidade do governo do Estado.

“Um paciente com joelho estourado e é diabético, hipertenso, nem que queira fazer aqui, tenho de ter leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para retaguarda. Cirurgias bariátricas, estavam suspensas, agora é que estão retomando”, explica Minosso.

O secretário informa que a saúde é financiada com recursos dos governos federal e estadual, além dos municipais. “A responsabilidade do município é pela saúde básica”, esclarece. Além do básico, oferece algumas especialidades mais corriqueiras como ginecologia e pediatria. “Ofertamos equipe interdisciplinar dentro da atenção básica”, diz.

As demais demandas da saúde, como cardiologia, urologia e dermatologia, são de responsabilidade do Estado. O governo federal repassa aos municípios recursos apenas referentes aos programas nacionais.

Algumas especialidades mais simples, mas que exigem locomoção são oferecidas no município.  “É mais fácil ter aqui do que ter de enviar o paciente para outro município”, observa Minosso. 

A prefeitura mantém um ambulatório de especialidades onde são oferecidas consultas de cardiologista, gastroenterologia, dermatologia, exames de ultrassom, fonoaudiologia, oftalmologia e ortopedia.

O secretário espera contar com recursos de emendas parlamentares para cobrir as despesas de custeio, como contratação de consultas e exames. “Contamos com os vereadores pedindo aos deputados recursos para custeio. O gargalo nosso é o custeio para contratar serviços. Se eu receber R$ 100 mil, por meio de uma emenda, por exemplo, e a consulta custa R$ 50,00, posso controlar a demanda por especialidades por um bom tempo”, calculou.




Comentários

  1. Até pouco tempo atrás, colonoscopia era realizada no Conisca, em Lindóia. O que aconteceu?

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  2. E AME de Amparo, não realiza esses exames mais complexos? Porque, ao que consta, o AME foi construído justamente para atender demandas do Circuito das Águas. O que ocorreu para que isso não esteja acontecendo? A quem cabe a responsabilidade?

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