//CLIQUE E VOTE// Prefeitura deve deixar estrada do Alto da Serra como está, mostra enquete

 


Mais da metade dos votantes da enquete promovida pelo Viva! Serra Negra sobre a intenção da prefeitura de asfaltar o trecho de estrada que leva ao Alto da Serra se manifestou contrária à ideia. 

Em resposta à pergunta "O que a prefeitura deve fazer na estrada do Alto da Serra?, clicaram na opção 1 ("Deixar como estar") 56,07% dos participantes do levantamento, enquanto 26,17% preferiram a segunda opção ("Asfaltar") e 17,66%, a terceira opção ("Colocar bloquetes").

A enquete teve 107 participantes e embora não tenha valor científico, suscitou um debate acirrado entre os leitores, que enviaram mensagens ao Viva! Serra Negra:

- "Pra mim é uma questão de preservação do meio ambiente mesmo..."

- "Irá acabar com várias nascentes"

- "Deve-se procurar outras alternativas. Por que não consultam o IPT?"

- "Só mais uma obra inútil, só mais dinheiro público jogado fora"

- "Querem facilitar o acesso a um local que já tem problema de excesso de tráfego (que inclusive 'trava' a estrada já no São Matheus e ninguém resolve), e isso deixa claro que ninguém deixa de ir lá por conta da estrada"

Querem privilegiar o acesso de um local bucólico e bonito não só pela vista, mas por ser "natural", o que atrai centenas de caminhantes e ciclistas aos finais de semana, um público que busca ambientes naturais (principalmente sem qualquer pavimentação). Porque não privilegiar esse público, ao invés de privilegiar veículos? Esse público busca estradas de terra, não asfalto. Querem privilegiar aqueles que não gostam desse ambiente natural, em detrimento de quem o ama.

- Serra Negra está indo na contramão das Políticas Urbanas modernas, onde se prioriza as pessoas em detrimento dos veículos. Só pesquisar na internet. Além disso, é sabido que aumentar o fluxo causa impactos ambientais indiretos, como poluição do ar, sonora, e há estudos comprovando os poluentes que o asfalto dispersa quando é "lavado" pela chuva, levando isso às nascentes.

Invistam em manutenção contínua da estrada. Privilegiem aqueles que apreciam o ambiente natural , o que ele é e deve continuar sendo, não aqueles que querem ir lá só ver o por do sol e não sujar o carro de poeira.

- E a plataforma de vidro que vai causar a morte de milhares de aves que vão bater nela. Um problema muito sério que deve ser repensado.

O engenheiro Marcelo de Souza foi quem mais se estendeu sobre o assunto:

Deixar como está não é benéfico do ponto de vista ambiental.

Na estrada sem pavimento com declividade acentuada, quando chove (chuva moderada ou intensa), o escoamento superficial é significativo e, ocorrem erosões que, acredito ser um grave problema ambiental também.

Para uma estrada com essa declividade, o pavimento associado a um bom sistema de drenagem de águas pluviais é melhor do ponto de vista ambiental do que deixar como está.

Asfalto ou bloquetes ajudam no controle das erosões, desde que associados a um bom projeto de drenagem. Os bloquetes, se instalados da forma correta e tradicional (bases e juntas de areia), costumam dar problemas nas ruas mais íngremes, que é o caso da estrada do Alto da Serra.

O pavimento é o menor dos problemas do Alto da Serra.

O grande problema, no meu modo de ver, e que deveria estar sendo debatido, é o uso e a ocupação da área e do entorno.

Deveriam haver audiências públicas para debater o uso e ocupação da montanha.

Acredito que o uso e ocupação desordenada e sem estudos de impactos pode ser mais nocivo ao meio ambiente do que pavimentar uma estrada íngreme de 1 km de extensão, cuja área não chega a ser 1% da área da atual área vegetada da montanha.

Será que a “impermeabilização” de 1% da montanha irá acabar com várias nascentes?

Alguém monitora as nascentes? Existem dados de vazão e qualidade da água ao longo do ano destas nascentes? Poços de infiltração não poderiam ajudar para alimentar o aquífero?

É imprescindível analisar o projeto de drenagem de águas pluviais e perseguir que o sistema esteja interligado a poços de captação e de infiltração distribuídos em pontos estratégicos ao longo dos 1000 m da estrada e não concentrado como é hoje na lateral direita no início da subida.

Agora, no platô da montanha, que é plano, ali sim, nenhum pavimento é necessário. O terreno plano favorece a infiltração. Ali pode deixar como está ou no máximo cobrir com pedriscos.

Também precisaria se debater se é positivo transformar o topo da montanha e eventualmente a própria estrada num estacionamento a céu aberto.

Principalmente nos finais de semana e feriados prolongados, será que não pode ser estudados outros meios de levar o visitante e o turista ao topo sem ser pelo automóvel particular.

Ou seja, enquanto discutimos o tipo de pavimento, deixamos de discutir o uso e ocupação da montanha e outras questões que podem ser até mais nocivas a médio e longo prazo ao meio ambiente e a qualidade de vida dos munícipes.

Será que não é preciso dar um passo atrás e debater outras variáveis que podem afetar negativamente a montanha e o entorno? O entorno também precisa ser olhado com atenção.

Fiz alguns comentários numa postagem da Iza Noemi em: https://www.facebook.com/iza.noemi/posts/10225639614887469?notif_id=1636129370857572&notif_t=comment_mention&ref=notif

Stephany Alves Canhassi também se estendeu a respeito do tema:

Como moradora e Arquiteta Urbanista, acredito que essa intervenção acarretará diretamente nas nossas nascentes. Tive a oportunidade de estudar a região em um trabalho para a faculdade. E neste perímetro se concentram nascentes de suma importância para nossos rios, riachos e para os moradores da região. A pavimentação da estrada ocasionará a impermeabilização do solo, trazendo série de problemáticas ambientais como possível escassez de água, aumento do pico de vazão da água, etc. Com relação aos bloquetes, é uma alternativa coerente, porém deve ser muito bem analisada se para aquela área sua eficiência é significativa. Com isso, me vem um outro tipo de preocupação, a expansão urbana. Visto que, quando se leva mais infraestrutura para um determinado local, por consequência amplia-se o processo de urbanização da cidade. Meu receio é, mesmo sendo uma área de preservação, essas intervenções prejudiquem também a proteção legal desta mata, fazendo com que os interesses políticos e econômicos ' falem' mais alto.

A ambientalista Iza Bordotti concordou:

Precisarmos olhar pro nosso alto da Serra como um local sagrado. Estão degradando a cada dia, perdeu boa parte da vegetação natural. Se não cuidarmos podemos perder ainda mais.

E o engenheiro Marcelo de Souza completou:

O que degrada é a ausência de boas políticas públicas de uso e ocupação do solo que leve em consideração aspectos ambientais, sociais e de mobilidade e acessibilidade urbana. A cidade cresce sem planejamento, sem plano diretor atualizado e conectado com as boas práticas atuais de urbanização e de engenharia, sem levar em consideração aspectos ambientais e sociais, sem se preocupar com aspectos de mobilidade e acessibilidade urbana, sem uma lei de zoneamento e um mapa de uso e utilização do solo atualizado e coerente, livre de interesses especulativos, etc. Onde está o Plano Diretor? Por que não deixam os munícipes participarem ativamente da elaboração do Plano Diretor? O problema não é o pavimento. O problema é de como a política pública trata aspectos técnicos e de urbanização. Precisamos ter um olhar mais amplo sobre os problemas. Focando apenas no pavimento deixamos de enxergar problemas que parecem crônicos do uso e ocupação do solo serrano.




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