//ANÁLISE// O atraso da PEC dos Precatórios

                                                                                                                                                                                  


Fernando Pesciotta


Ficou para a história o episódio da eleição presidencial de 2018, quando Ciro Gomes, derrotado no primeiro turno, preferiu passar uma temporada em Paris em vez de arregaçar as mangas na campanha. Ficou marcado pela esquerda por causa desse gesto “burguês”.

Nesta quinta-feira (4), Ciro parece querer corrigir a rota. Ele anuncia a suspensão de sua pré-candidatura à Presidência por causa dos votos dados por seu PDT na aprovação da PEC dos Precatórios, que viabiliza uma irresponsável gastança de dinheiro em ano eleitoral.

A oposição havia fechado posição contrária à PEC, mas os 15 votos favoráveis do PDT acabaram sendo decisivos para a aprovação da medida em primeiro turno.

Ciro diz que só vai retomar a candidatura se a bancada do PDT mudar de posição no segundo turno de votação da proposta.

A PEC dos Precatórios permite ao governo gastar mais de R$ 90 bilhões sem esbarrar em necessidades fiscais. Afugenta investidores, mas pode atrair votos.

Há um falso discurso do governo e apoiadores, de combate à fome, que atinge 20 milhões de brasileiros. Mas ao acabar com Bolsa Família, um programa inclusivo, premiado globalmente e de reconhecido sucesso, fica claro que a intenção de Bolsonaro é outra.

O Auxílio Brasil não é um programa de combate à fome, mas uma plataforma de marketing eleitoral, com data de validade, pois não vai além de 2022. Acrescente-se que a PEC embute a permissão de muitos outros bilhões de gastos bizarros.

Para aprovar uma medida eleitoreira, valeu tudo, inclusive dar mais um duro golpe na educação pública. Arthur Lira, presidente da Câmara e líder do Centrão, prometeu votar a PEC que garante o perdão aos Estados que não destinaram o mínimo legal para a educação em 2020.

Além disso, garantiu que os R$ 17,5 bilhões dos precatórios do Fundef, ligados à educação, poderão ser quitados em três anos.

De olho no próprio umbigo, sinalizou emendas parlamentares em 2022 ampliadas de R$ 3 bilhões para R$ 16 bilhões.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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