//ANÁLISE// Inflacionando a desigualdade

                                                                                                                                                                                        


Fernando Pesciotta


Vários indicadores revelados recentemente convergem para a convicção de que o governo Bolsonaro trabalha com afinco na proteção da elite rica do País e na condução dos pobres à miséria.

Sem nenhuma perspectiva de melhora no médio prazo, o cenário macroeconômico se reflete na perda de popularidade de Bolsonaro. Alvejado pela inflação, o consumidor médio reduziu as compras.

O volume de vendas do varejo caiu 1,3% em setembro, na comparação com agosto. É a maior queda da série histórica do IBGE iniciada em 2000.

Em relação ao pandêmico setembro de 2020, a queda é ainda maior, de expressivos 5,5%.

A velocidade e a intensidade do efeito inflacionário assustam os analistas, que projetavam recuo de 0,6% na comparação mensal e de 4,25% ante o ano passado.

Sentado à frente do computador onde observa a variação de seus investimentos em paraíso fiscal, o ministro Paulo Guedes conclui que alguns setores podem estar abusando no aumento de preços. Por isso, pensa em zerar a tarifa de importação de alguns setores.

O remédio, porém, pode ser inútil, pois o dólar está alto demais.

Para os ricos, a inflação, por mais elevada que seja, não faz cócegas. O volume investido por pessoas físicas cresceu para R$ 4,45 trilhões neste ano, até setembro.

Para completar, Bolsonaro cedeu à pressão de grandes empresas, mais uma vez, e anunciou que vai prorrogar a desoneração da folha salarial por dois anos, invadindo a gestão de seu sucessor.

Parlamentares criticam a decisão. Alegam que até agora a desoneração não cumpriu seu papel de reduzir o desemprego.

A desoneração da folha permite às empresas substituir a contribuição previdenciária de 20% sobre os salários dos empregados por uma alíquota sobre a receita bruta, que varia de 1% a 4,5%. Com isso, teriam mais fôlego para contratar funcionários, o que não tem ocorrido.

--------------------

Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


SEJA NOSSO PARCEIRO!

Comentários