//OPINIÃO// 7 de Setembro agrava riscos da pandemia

 



Salete Silva


A pandemia de covid-19 praticamente sumiu das manchetes dos noticiários. A notícia de que em apenas 24 horas os casos de infecção no Distrito Federal aumentaram quase 60% na segunda-feira, 6 de setembro, ficou escondida nos portais.

Descaso previsível. De um lado, a pandemia deixa de ser notícia quando os óbitos ficam abaixo de 500 por dia. Do outro, o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido), que tem negligenciado a pandemia, está mais preocupado em arrastar milhares para as ruas, de preferência sem máscaras, e salvar a própria pele.  

Em Serra Negra, os boletins sobre a pandemia publicados diariamente pela prefeitura revelam também uma diminuição expressiva da pandemia, com um ou dois casos novos de contaminação por dia. Na segunda feira (6 de setembro), foi registrada uma internação no hospital Santa Rosa de Lima, após quase uma semana sem leitos ocupados por pacientes com covid-19.

O comportamento de serranos e turistas durante o feriado, no entanto, acendeu a luz vermelha até para o prefeito Elmir Chedid (DEM), que no último decreto municipal autorizou o funcionamento sem limites de ocupação de bares, restaurantes e lanchonetes.

Chedid foi às redes sociais na véspera do feriado de 7 de Setembro para informar que “neste momento” não pretende fechar tudo novamente. Mas ressalvou que isso “ainda não é necessário”, o que pode ser sinalização de que não descarta retomar o lockdown, se preciso.

O prefeito enfatizou os riscos de contaminação pela variante Delta, que de acordo com os infectologistas tem mais do que o dobro da capacidade de infecção do que a P1, variante que até o momento ainda é a principal em circulação no país.

“A variante Delta está aí. Já tivemos um caso e pelas informações já foi curado. Mas é uma variante de transmissão muito rápida, de 7 a 10 vezes mais que a variante anterior”, afirmou Chedid em vídeo divulgado na página do Facebook da prefeitura.

O prefeito deve ter tomado um susto ao se deparar com a quantidade de clientes em bares, restaurantes e lanchonetes, em especial da região central.

Vídeos e fotos de estabelecimentos localizados em áreas rurais e mais afastadas, postados nas redes sociais, revelavam que mesmo nesses locais, clientes e empresários baixaram a guarda, como se o ambiente mais arejado e ao ar livre fosse proteção garantida.

Considerando a velocidade de contaminação da nova variante, o comportamento de turistas e serranos no feriado e a aglomeração provocada pelo próprio presidente da República, não será surpresa se necessário fechar a economia, para desespero dos empresários, nas vésperas de Natal, melhor época do ano para o comércio.

 O Brasil sofre as consequências de um país sem comando. Aliás, o esvaziamento da cidade no feriado de 7 de Setembro reflete o descaso do presidente também com a economia e com a pandemia.

Com receio das manifestações, muitos turistas deixaram Serra Negra na véspera do feriado e esvaziaram os hotéis, segundo comentários nas redes sociais. Como previa o presidente da Associação Comercial e Industrial de Serra Negra (Acia), Tiago Jardim, os atos reduziram o movimento e certamente afetaram as vendas do último dia do feriadão. 




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