//CIDADE// Megaevento de educadores recebe críticas por risco de espalhar covid

Centro de Convenções vai abrigar evento da Secretaria de Educação do Estado


Cerca de 4 mil diretores de escolas estaduais são esperados nesta quarta-feira, 29 de setembro, para participar de um megaevento promovido pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, no Centro de Convenções de Serra Negra. Com três dias de duração, o encontro tem a finalidade de discutir a adoção do Programa de Ensino Integral no próximo ano.

O jornal Folha de S. Paulo publicou reportagem sobre o evento, destacando que "desde agosto, com a queda de internações por covid em São Paulo, o governador [João Doria, PSDB] liberou a realização de eventos sem limitação de público" e que "apesar da autorização, sindicato e educadores reclamam do risco desnecessário ao qual o governo expõe os profissionais e, consequentemente, os alunos".

Segundo a matéria, "eles defendem que a reunião poderia ser feita de forma virtual, como tem ocorrido desde o início da pandemia, sem que os profissionais precisassem se deslocar e passar tanto tempo reunidos". ​

O texto da reportagem informa ainda que "os diretores terão de dormir em hotéis da cidade, sem que tenham sido informados se terão direito a acomodação individual". Segundo comunicado enviado aos educadores, continua a reportagem, "a Secretaria de Educação liberou duas diárias para profissionais que atuam em escolas a até 280 km de Serra Negra e três para os que atuam mais longe".

A Folha de S. Paulo ressalta ainda que nas redes sociais o prefeito de Serra Negra, Edmir Chedid (DEM), comemorou a escolha da cidade para sediar o evento: “Um evento muito importante, muito grandioso com cerca de 4.000 diretores. Hotéis, bares, restaurantes, lanchonetes se preparem para receber os 4.000 profissionais da educação em Serra Negra. Vamos abrir o centro de convenções, o turismo vai começar forte e pesado. Gerando emprego, renda, levando o nome de Serra Negra”, disse.

A presidenta da Apeoesp, deputada estadual Maria Izabel Azevedo Noronha, a professora Bebel (PT), criticou duramente a reunião: "O objetivo declarado é 'orientar' sobre a implementação daquilo que o governo Doria chama de 'novo' ensino médio, que na realidade é atraso e retrocesso na educação pública de São Paulo, que empobrece o currículo e rebaixa a qualidade do ensino, negando aos estudantes o acesso ao conhecimento e à formação integral e integrada a que têm direito", afirmou.

"Trata-se de um evento eleitoreiro, que mostra o descompromisso total desse governo com os direitos dos nossos estudantes e da nossa categoria. Rossiel não deveria gastar tempo e dinheiro público para realizar um evento desse tipo, sobretudo num momento de imposição de tantos projetos excludentes (reforma do ensino médio, PEI e outros), em meio a uma pandemia. Ao convocar gestores para esse evento presencial de grandes proporções, o secretário Rossieli, mais uma vez, ignora esse fato e as quase 600 mil mortes provocadas pela covid no Brasil", concluiu.

Moradores de Serra Negra também criticaram, nas redes sociais, a realização do evento. 

"Um absurdo! Campanha eleitoral antecipada! Querem enfiar o PEI [Programa de Ensino Integral] goela abaixo!", escreveu no Facebook uma professora local.

"Que absurdo! Por algum acaso a pandemia acabou? Mesmo que na Serra da Fantasia tenha sido exterminada por decreto, e os 4 mil desconhecidos?", perguntou um internauta.

"Um absurdo! Estou sabendo do evento porque a prefeitura mudou o local de vacinação. Doria, em plena campanha, vai expor os benefícios irreais [do Programa de Ensino Integral] aos diretores. Os alunos que precisam trabalhar serão os maiores prejudicados. Conheço famílias preocupadíssimas com o que acontecerá com seus filhos. E, a pandemia deve ter acabado, né?", se manifestou outra internauta.





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