//ECONOMIA// Verduras e legumes ficam até 60% mais caros em Serra Negra

Salete Silva

Os preços de legumes, verduras e frutas em Serra Negra tiveram reajustes de 30% a 60% nas últimas semanas, em consequência da brusca queda da temperatura e da geada no fim do mês de julho, que afetaram as propriedades rurais do município e de toda a região do Circuito das Águas Paulista.

Boa parte dos produtos hortifrutigranjeiros teve seus preços reajustados. A maior alta foi do custo do quilo da vagem, que ficou 80% mais caro. Na quinta-feira, 5 de agosto, o quilo da vagem nos supermercados de Serra Negra custava cerca de R$ 27,50.

A vagem é adquirida da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). Não há produção na região e os supermercados reduziram os pedidos e compram apenas o suficiente para atender alguma demanda.

O consumidor também deve ter ficado assustado com o preço do quilo da abobrinha (R$ 15,95) e o da beringela (R$ 12,95).

Os produtos mais afetados pela geada e que apresentaram maiores aumentos de preço foram abobrinha, chuchu, berinjela, milho, pimentão e pepino, além das verduras. A Secretaria Municipal de Agricultura ainda não tem um levantamento da área rural afetada pela geada.

A expectativa de supermercadistas entrevistados pelo Viva! Serra Negra é de que não haverá falta de produtos, mas com a queda da produção a tendência dos preços, que são alterados diariamente, é sofrer novas variações para cima ou até para baixo se houver maior oferta dos produtos.

“Há o efeito também em cadeia. No caso do milho, afeta o custo dos ovos, aves e carne bovina”, afirmou um supermercadista explicando eventuais altas nesses produtos. Apesar dos aumentos, a previsão é de que a oferta não será alterada uma vez que alguns produtores utilizam estufas.

A melhor alternativa para o consumidor, apontam supermercadistas, é adquirir alimentos produzidos sob a terra, que não foram afetados pela queda da temperatura e a geada, como batata, batata doce, beterraba e mandioca.

“Esses produtos, no entanto, também tiveram preços reajustados devido ao aumento da demanda, porém em porcentagens bem menores já que não foi afetada a produção”, ressalvou um supermercadista.

O aumento de preços provocado pelas quedas de temperaturas e a geada afeta a previsão de inflação para 2021, que já vinha sendo pressionada pelos aumentos em especial da energia elétrica e dos combustíveis. A estimativa das empresas de consultoria é de uma inflação de 6,7% a 7% para este ano. Se confirmadas as previsões, o país terá a maior inflação desde 2015 quando registrou 10,67%.

Além do aumento da energia elétrica provocada pelos reajustes na conta do consumidor, o custo de vida vem sendo pressionado pelos aumentos nos preços dos combustíveis, principalmente da gasolina, que, segundo a empresa de consultoria Tendências deve ter este ano um reajuste de 24,5%, decorrente do aquecimento da economia internacional e a maior demanda pelo produto.

O consumidor vai arcar também com taxas de juros mais elevadas. O Banco Central prevê uma taxa Selic de 8% para 2021. A Selic, no entanto, é a taxa básica. Para o consumidor final, em especial os pequenos tomadores de empréstimos, além do cartão de crédito e cheque especial, a taxa cobrada é muito acima da Selic.

Inflação e taxas de juros elevados tornam a situação ainda mais difícil para o trabalhador sem a perspectiva de uma queda sustentada dos índices de desemprego que patinam em um dos níveis mais elevados registrados pelos indicadores.

No primeiro trimestre terminado em abril, o índice de desemprego chegou a 14,7%, acima dos 14,2% registrados no trimestre anterior. O número de desempregados cresceu 3,4%. Com 14,8 milhões de pessoas desempregadas, o país atingiu a maior marca de desemprego desde 2012, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As contratações em Serra Negra também se mantêm devagar. Apesar do aquecimento das vendas nas últimas semanas devido à queda de temperatura, não houve aumento significativo no número de contratações segundo informações da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Serra Negra (Acia). No início do inverno, a entidade registrou algumas poucas efetivações de contratações temporárias.

A previsão do tempo para este fim de semana e a próxima semana é de aumento da temperatura, que pode chegar a quase 30° até 13 de agosto, quando voltam a cair.