//OPINIÃO// "Fora, Bolsonaro" causa rachadura no conservadorismo serrano



Salete Silva

A carreata suprapartidária que tomou as ruas da cidade no sábado, 3 de julho, marcado por mais uma jornada de manifestações em todo o país pelo "fora Bolsonaro", provocou discussão nas redes sociais de Serra Negra.

Apoiadores do governo Bolsonaro relativizam o tamanho da manifestação e sua importância no cenário político nacional e local. Em muitas postagens, no entanto, acabam admitindo o crescimento das ideias políticas progressistas na cidade até então amplamente dominada pela ideologia conservadora.

“Você que se manifesta em favor da verdade, se voltar a esquerda, diga adeus pra sua liberdade”, tentou intimidar um bolsonarista em suas redes sociais. 

“Falta de respeito essa carreata, com as pessoas que faleceu (sic), aí vem falar do Bolsonaro que vergonha”, dizia um outro em sua página no Facebook.

“Fiquei indignada com essa passeata sem fundamento, não conseguia atender meus clientes na loja de tanto barulho e falta de respeito. Os turistas ficaram nervosos, não é hora disso, esses petistas não tem noção do ridículo, fora vocês, seus ladrões, estamos precisando de sossego, e não de bagunça”, reclamou uma serrana nas redes sociais.

Esta é a primeira vez que uma manifestação realizada pela parcela de serranos descontentes com o governo Bolsonaro e que defende ideias progressistas contrárias à ideologia conservadora da cidade provoca reações e discussões nas redes sociais locais.

Desde a eleição de Bolsonaro em 2018, a parcela da população descontente com o atual governo vem crescendo. Participantes da carreata observaram que houve maior apoio da população à carreata Fora Bolsonaro nos bairros mais afastados do centro da cidade.

A reação contrária ao movimento ocorreu nas ruas centrais, em especial na Rua Coronel Pedro Penteado, perto da Praça João Zelante. Ao longo do percurso, no entanto, mesmo na Rua Coronel Pedro Penteado, serranos saíram às varandas de edifícios para manifestar apoio ao movimento e até bater panelas pedindo "Fora Bolsonaro".

A manifestação indica que a rejeição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se concentra nos bairros distantes da cidade, onde residem trabalhadores e a maior parte das pessoas desempregadas do município, que tem uma renda per capita média inferior à nacional, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O salário médio mensal do serrano é de R$ 830,00, segundo dados de 2018. O PIB per capita anual no município é de R$ 24.910,92, abaixo da média anual do país, estimada pelo IBGE em R$ 33.593,82. No primeiro trimestre deste ano, a média da renda individual recuou 10,89% em relação ao primeiro trimestre de 2021. 

O maior apoio da população serrana nos bairros à manifestação contra o governo Bolsonaro pode ser reflexo da corrosão dos indicadores econômicos, como a alta da inflação, das tarifas públicas, do desemprego e a falta de perspectiva de retomada da economia. 


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