//ANÁLISE// O que significa o descaso com o Enem

                                                                                                                                                                                                                 

                                                                                                                                                    


Fernando Pesciotta


A educação é pilar essencial para qualquer país que busque o desenvolvimento e, infelizmente, é nesse setor que o governo Bolsonaro comete seus maiores pecados, numa disputa inglória com o que ocorre nas outras áreas.

O episódio da inscrição no Enem aprofunda a desigualdade e sintetiza o descaso do genocida com a educação, que prioriza apenas os mais ricos.

O prazo para os alunos se candidatarem ao exame terminou nesta segunda-feira (19), para desespero de milhares de secundaristas.

Intencionalmente, o Ministério da Educação isentou da taxa de inscrição os alunos da rede pública por causa do caos trazido pela pandemia a essa faixa da população. Porém, o MEC incluiu uma exceção: quem faltou ao último exame fica sem a isenção.

O problema é que no ano passado, também por causa do agravamento do contágio do coronavírus, muitos estudantes não fizeram a prova e, com isso, ficaram sem direito à isenção.

A insensibilidade do governo se reforçou com a manutenção de a decisão maliciosa. A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), então lançou emergencialmente uma campanha de arrecadação de fundos para bancar os R$ 85 da inscrição de alunos carentes.

Ao final da noite desta segunda-feira, a entidade havia recolhido doações que possibilitaram pagar a inscrição de cerca de 200 alunos. Mas resta saber se houve tempo hábil para a efetivação da inscrição.

Por isso, a deputada Natália Bonavides (PT-RN) solicitou ao Ministério da Educação, por meio de requerimento protocolado na Câmara, a reabertura do prazo de inscrição do Enem com possibilidade de novos pedidos de isenção.

“Os estudantes não podem ser punidos. Precisamos garantir que todas e todos que queiram possam fazer a prova. No ano passado, quase metade dos inscritos não fez a prova por conta da situação sanitária e isso não pode ser usado contra eles. Reabrir o prazo e garantir a isenção é uma medida fundamental para garantir que milhares de estudantes tenham a chance de participar do Enem”, justificou a deputada.

Alheio a qualquer coisa, Bolsonaro ao menos nos deu uma boa notícia: reconhecendo que a Câmara não vai aprovar o voto em papel, ele diz que pode não se candidatar. Que Deus seja louvado.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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