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Fernando Pesciotta
O Brasil superou nesta quinta-feira (2) a marca de 100 milhões de pessoas que receberam pelo menos a primeira dose da vacina contra a covid-19, embora só um quarto (25,9 milhões) esteja totalmente protegido com as duas doses.
Por conta disso, economistas, especialmente aqueles ligados aos grandes bancos, adotam um tom bastante otimista para a economia. Mas há vários poréns nessa história.
Os relatórios dos bancos destacam “cautela” com alguns indicadores no médio prazo, como a evolução da inflação e da dívida pública.
Outro dado apresentado pelo governo é de recordes na balança comercial, que teve saldo positivo em junho e no acumulado do primeiro semestre.
Ou seja, mesmo com o aumento das importações, as vendas externas cresceram ainda mais, por causa da retomada da economia nos países desenvolvidos e da manutenção do ritmo na China.
O agronegócio brasileiro nunca exportou tanto para atender a essa demanda. Mas o prato do brasileiro fica ainda mais caro por causa disso. Para atender à demanda do exterior, os produtores não dão prioridade ao mercado interno, elevando o custo dos alimentos.
Esse comportamento do comércio exterior demonstra os cuidados necessários para se avaliar as projeções tão otimistas para o PIB. Os bancos olham para a prancheta de dados, não para as ruas. A retomada da economia está se dando em setores pouco intensivos em mão de obra.
Prova disso é que o desemprego, também anunciado nesta semana, voltou a ser recorde, com quase 15% da população economicamente ativa sem trabalho.
Em São Paulo, a Prefeitura identifica aumento da população em condições de rua, de famílias de sem-teto. Por isso, nas últimas semanas abriu mais 340 vagas em albergues.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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