//OPINIÃO// Questionar a eficácia das vacinas é ajudar a covid-19



Salete Silva


A morte de sete serranos por covid-19, nesta quarta-feira, 16 de junho, alguns provavelmente vacinados contra a doença pelo menos com a primeira dose, suscitou nas redes sociais debates a respeito da eficácia das vacinas. Por que algumas pessoas morrem com a doença mesmo após a vacinação?

Desde o anúncio da eficiência das vacinas, os pesquisadores e laboratórios alertaram para o fato de que nenhuma delas garantiria 100% da eficiência contra o coronavírus Sars-Cov-2.

Embora 81,5 milhões de brasileiros tenham sido vacinados com a primeira dose e 23,9 milhões deles estejam totalmente vacinados, há casos de pessoas que receberam o imunizante, se contaminaram depois e chegaram a desenvolver a covid-19 na forma grave e alguns chegaram a óbito.

Em entrevista recente ao UOL, a infectologista Sonia Raboni,  do Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR/Ebserh) explicou que os estudos contam com milhares de participantes, mas quando a vacina começa a ser aplicada em milhões de pessoas, vão aparecer os que desenvolvem a forma grave da doença.

“O que os estudos dizem e o que vemos é que quem recebe a vacina tem um risco menor de adoecer”, afirma a infectologista. Os infectologistas lembram ainda que pessoas mais velhas e com algumas comorbidades não integraram os primeiros grupos.

Outra observação dos pesquisadores é que os estudos clínicos são realizados em ambientes mais controlados, com mais adultos saudáveis. Entre as populações, no entanto, há pessoas com outras comorbidades e condições e a previsão dos cientistas já era a de que essas pessoas poderiam se infectar. Os estudos não apontam exatamente o que pode ocorrer com esse grupo com comorbidades.

Além de ter vacinado completamente pouco mais de 10% da população, o governo brasileiro em especial o Ministério da Saúde, explicam os infectologistas, não conta com pesquisas que identifiquem as linhagens dos vírus que infectam as pessoas e as comorbidades de quem tomou o imunizante e mesmo assim adoeceu. Esse estudo é fundamental para entender onde a vacina pode falhar e quais seriam as soluções para evitar as falhas.

Com as Unidades de Terapia Intensiva (UTI)  acima de 90% em boa parte do Estado de São Paulo e até acima de 100% na região do Circuito das Águas Paulista, o principal objetivo das vacinas no momento é diminuir os riscos de internação e óbitos, além de reduzir a transmissão.

Atingir essa meta, no entanto, só será possível com a aceleração do ritmo de vacinação e atingir pelo menos 70% da população brasileira. Enquanto isso, os infectologistas recomendam que os brasileiros, incluindo os vacinados, mantenham isolamento social, uso de máscara e higienização das mãos.

Questionar as vacinas neste momento em que o país volta a ter 3 mil óbitos diários, como fez o presidente da República Jair Bolsonaro, que afirmou, por motivos políticos que a Coronavac é um imunizante de baixa eficiência, é um desserviço para o país que continua no topo do ranking dos países com maior número de óbitos, atrás apenas da Índia.


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