//ANÁLISE// Venda de alimentos vencidos

                                                                                                                                                                                            

                                                                                                                                                    


Fernando Pesciotta


Vários alertas foram feitos nas últimas semanas para o aperto social que vive o País. Em qualquer cidade do Brasil, a pobreza avança indisfarçadamente.

Com a inflação em alta – a que mais cresce entre todos os países do G20 –, renda mais escassa e desemprego recorde, a solução vislumbrada pelo governo Bolsonaro é permitir a venda de alimentos vencidos e a distribuição de restos de comida.

A justificativa apresentada pelo ministro Paulo Guedes: a classe média exagera na composição do prato de comida e acaba desperdiçando.

Segundo Guedes, “até a classe média alta comete excessos” à mesa. Na Europa, que passou por duas guerras, acrescentou, as pessoas fazem pratos menores.

Guedes não parece ser a pessoa mais indicada para elaborar políticas públicas – até agora, não tem nenhuma – ou para propor mecanismos de proteção social. 

Em 2019, reclamou do fato de que “empregadas domésticas estão indo para a Disney” e, recentemente, achou estranho que o filho do porteiro foi para a universidade.

Bolsonaro foi eleito prometendo acabar com o Bolsa Família e abrir a “caixa preta” do BNDES. Para tanto, se apoiou em Guedes, que deu apoio a seu devaneio e sinalizou aos eleitores um governo “liberal”.

Foi um estelionato eleitoral. Depois de anunciar que vai aumentar o Bolsa Família, Bolsonaro reconheceu, nesta quinta-feira (17), que “nunca houve caixa preta do BNDES”.

"Não foi caixa-preta na verdade, tá aberto aquilo lá. Eu também pensava que era caixa-preta. Está aberto no site do BNDES, os empréstimos todos para os outros países aí", disse Bolsonaro.

"Eu até falei outro dia, alguns me criticam que eu estou concluindo obras do PT. Agora, o PT não deixou obras inconclusas fora do Brasil", acrescentou, ao falar para os enganados.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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