//ANÁLISE// As perdas na pandemia

                                                                                                                                                                                         

                                                                                                                                                    


Fernando Pesciotta



Sabe o Adalberto, o simpático e prestativo garçom daquele bar onde íamos tomar o melhor chope da cidade?  Então, além da saudade, estou curioso para saber se ele está vivo e com boa saúde. Seu filho será que conseguiu realizar o sonho de ingressar numa faculdade?

Outro dia ouvi dizer, em conversas no WhatsApp, que dona Irma, a dona daquela loja de roupas que minha mulher adorava, perdeu os dois filhos.

Ela se resguardou na pandemia, mas os rapazes seguiram o conselho do maior líder na Nação e se soltaram. Na outra semana, vão comemorar o dia de São Pedro ao lado dele. Uma tristeza.

Meu amigo Oswaldo não me permitiu um último almoço para falarmos da situação do País, dos nossos filhos, do futuro, como costumávamos fazer.

Renan deixa saudades. Agora que estava curtindo a calma que o avançar da vida nos traz, acreditou na cloroquina. Foi um erro mortal para um grande repórter, cuja missão é desconfiar sempre.

Esses poucos casos ilustram a desgraça brasileira na pandemia, que não precisava ter 500 mil mortos. Bastava ter um líder com mais compaixão e humanidade.

No dia 6 de agosto de 2020, com o número de mortos deslanchando, o Ministério da Saúde baniu os termos “quarentena e autoisolamento” dos documentos técnicos da pasta.

A revelação causa estranheza, pois dois dias antes outra reunião no ministério deixou claro que medidas sociais drásticas dão resultados positivos, que “sem intervenções “esgotamos UTIs, os picos vão aumentar descontroladamente”.

O governo sabia o que estava fazendo. Havia clara interferência política do Planalto, em nome da cloroquina e da morte.

Falta de compaixão e humanidade virou crime.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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