//SERRA NEGRA NA RODA// CPI pode derrubar Bolsonaro, diz cientista político

Antonio Carlos Mazzeo: "Não dá para Bolsonaro continuar"

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia pode corrigir o erro cometido em 2018. O país vive um momento difícil, nunca antes visto na sua história, com mais de 400 mil mortes por covid-19, o dobro de óbitos provocados pela bomba atômica nos bombardeios a Hiroshima e Nagasaki, na Segunda Guerra Mundial. A situação é complicada e é preciso responsabilizar pessoas.

A opinião é do cientista político Antônio Carlos Mazzeo, professor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) – Marília e da Universidade de São Paulo (USP), entrevistado do programa Serra Negra na Roda, transmitido pela página do Facebook da Casa da Cultura e Cidadania Dalmo de Abreu Dallari, na sexta-feira, 30 de abril.

“Chegamos a um momento em que, não como cientista político, mas como cidadão, vou dizer: não dá para Bolsonaro continuar”, afirmou o professor. Ele avalia que a situação da pandemia no Brasil é resultado de incompetência e de uma ideologia negacionista.

Mazzeo lembra que quando a pandemia se concentrava ainda na China e na Europa já era de conhecimento público que muitas medidas seriam necessárias, como o lockdown e o uso de máscaras. Bolsonaro, no entanto, o professor lembra, foi o primeiro a dizer que se tratava de uma gripezinha e que os brasileiros tinham de não ter medo e serem corajosos.

“Bolsonaro fez pouco caso, saindo sem máscara, provocando aglomeração, dizendo que não era coveiro, além de demitir os ministros que batiam de frente com ele, porque calculava que morreriam 80 mil pessoas e o país chegaria à imunidade de rebanho”, afirmou. “Conclusão: chegamos a 400 mil mortos e há uma responsabilidade direta”, acrescenta Mazzeo.

Sua expectativa é que a CPI avance nas investigações e nas denúncias pela pressão popular que deverá influenciar os políticos do Centrão mais sensíveis ao voto e que já estão de olho nas eleições de 2022. O professor destaca ainda que a ascensão do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva ao cenário político também deverá influenciar a votação dos políticos do Centrão na CPI.

“As pressões da sociedade são grandes. Não é só a pressão dos trabalhadores, dos sindicatos, mas também do próprio empresariado”, afirmou. Mazzeo explicou que o abre e fecha, ao contrário do que fizeram países que adotaram lockdown por um ou dois meses, não permite a retomada da economia que também depende da vacinação em massa.

O professor lembrou que Bolsonaro rejeitou 11 ofertas de compras de vacinas e que o país depende agora basicamente da produção do Instituto Butantan e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que ainda estão longe de produzir as necessárias 1 milhão de doses diárias.

Além da vacinação em massa, a pressão popular pela saída do presidente Jair Bolsonaro deverá vir também do anseio pela melhoria do sistema de saúde para atender não só os pacientes com covid-19, mas o aumento de demanda de pacientes sequelados pela doença, e pelo posicionamento do ministro da Economia, Paulo Guedes, que tem proferido, segundo o professor, declarações absurdas.

Além de dizer que colocará uma granada no bolso do funcionário público, Paulo Guedes, o professor lembrou, nos últimos dias disse que o brasileiro quer viver muito, que o filho do porteiro quer ir à universidade e que a China é responsável pela pandemia. “Há muita pressão sim pela CPI da Pandemia”, concluiu Mazzeo.

A seguir, íntegra do Serra Negra Na Roda com Antonio Carlos Mazzeo:



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