//OPINIÃO// Cumprimente sua mãe à distância



Salete Silva

O Dia das Mães é a segunda melhor data de vendas no calendário do comércio, mas independentemente da conotação comercial, reunir a família no segundo domingo de maio virou uma tradição, interrompida pela pandemia de covid-19 em 2020.

Mães e filhos que adiaram o abraço para este ano se veem mais uma vez diante de um cenário ainda não favorável a encontros, beijos e abraços.

A situação continua crítica e as reuniões familiares podem colocar em risco não só as mães como também os filhos e os mais jovens que estão desenvolvendo formas mais graves de covid-19 com a disseminação de novas cepas e a falta de vacinação em massa.

Serra Negra até 3 de abril, segunda-feira, contava com 52 óbitos por covid-19, 15 internações e 8 pacientes em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). 

Desde o início da pandemia, a cidade registrou 1.911 casos confirmados. As testagens intensificadas pela prefeitura nas últimas semanas revelam maior número de pessoas infectadas, o que significa que pode haver subnotificação e que o número de contaminados é ainda maior.

A cidade, como o país, está longe de atingir a imunização necessária para a redução dos riscos de infecção, o controle da pandemia e a possibilidade de retomar encontros em família.  

O afastamento social e o uso de máscara ainda são essenciais para evitar a contaminação e o aumento de óbitos. Aglomerações e reuniões familiares no Dia das Mães podem repetir a explosão de casos registrada após o Natal, alertam especialistas, como o epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da USP Paulo Lotufo.

“O que vai acontecer no Dia das Mães, se for um repeteco do que vimos no Natal, vamos ter um pico por volta de junho e julho”, afirmou Lotufo ao site Poder 360. Há uma tendência de queda de mortes, ele admite, mas isso só vai ocorrer se houver redução do número de casos e contágios, o que só é possível com distanciamento social.

Falta ainda conscientização da sociedade. O cidadão, lembrou o epidemiologista, se indignou quando o país atingiu 1.000 óbitos, e agora, 2.400  mortes diárias são consideradas uma boa notícia.

Falta vacinação. Vários Estados não têm vacina para aplicar a segunda dose. Para cumprir a meta de produzir 54 milhões de doses prometidas ao Plano Nacional de Imunização, São Paulo precisará retomar os altos níveis de produção da vacina.

A reabertura das lojas é um alento para o comércio e as vendas do Dia das Mães podem compensar parte da queda do faturamento nas semanas de portas fechadas.

As perspectivas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) para o Dia das Mães, segundo a Agência Brasil, é de um volume de vendas da ordem de R$ 12,2 bilhões em todo o país, um crescimento em relação ao ano passado, mas ainda 2% abaixo dos R$ 12,3 bilhões faturados em 2019.

Os economistas evitam comparar as vendas de 2021 com as de 2020 quando o comércio estava fechado devido à pandemia. Falta compreensão ainda a parte do empresariado de que a retomada sustentada dos negócios só virá com o controle da pandemia por meio de lockdowns e rastreamentos eficientes, como vêm fazendo municípios como Araraquara.

Para manter a economia funcionando e comemorar o Dia das Mães no próximo ano, Lotufo faz um alerta: “Cumprimente sua mãe à distância em 2021, para ter uma boa festa e um almoço em 2022”. 

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