//CIDADE// Nova Serra Negra tenta sobreviver à crise

 

Hernandes: “O auxílio emergencial restabelece a
dignidade das famílias em situação de vulnerabilidade”

Com cerca de 1 mil moradores, o loteamento Nova Serra Negra recebe tratamento de bairro pelos munícipes e abriga boa parte dos trabalhadores da cidade. Além de emprego fixo, muitos deles fazem "bicos" e prestam serviços extras para complementar a renda mensal.

O covid-19 e a crise econômica atingiram em cheio o orçamento das famílias do loteamento. Os trabalhadores perderam a parcela da renda proveniente do trabalho extra prestado às empresas ligadas ao turismo, setor mais afetado pelas medidas de restrição de funcionamento da economia.

Essa situação crítica enfrentada pelos moradores do Nova Serra Negra foi relatada por Hernandes Medinilha, morador do local há três anos, em entrevista ao Serra Negra na Roda, transmitido pela página do Facebook da Casa da Cultura e Cidadania Dalmo de Abreu Dallari, na quinta-feira, 13 de maio.

“O pessoal que reside no Nova Serra Negra presta serviço extra em lanchonetes, faz faxinas em lojas, entrega pizza, lanches e vive de ‘bico’”, disse Medinilha. Antes de abrir sua loja de ração, com a qual garante o sustento da família, Medinilha trabalhava para uma empresa que teve de demitir 18 empregados no início do ano, dos quais seis são moradores do Nova Serra Negra.

Muitas famílias ficaram sem recursos sequer para a alimentação básica e outras não têm como pagar as contas. A criação de um auxílio emergencial municipal, ele aponta, seria a melhor alternativa para amenizar o impacto da pandemia e da crise econômica na vida dos moradores do loteamento.

A prefeitura até agora deu prioridade à distribuição de cestas básicas e a ampliação do programa Frente de Trabalho, que atende 86 famílias, com um salário mínimo e uma cesta básica. O morador reconhece a importância dessas iniciativas, mas ressalva que são insuficientes para atender às necessidades dos moradores.

Medinilha lembrou que as famílias já foram prejudicadas pela redução do auxílio emergencial do governo Bolsonaro, de R$ 600 para R$ 175. “Além do menor valor, agora só é possível obter um benefício por família”, salientou.

Com a perda dos serviços extras, os trabalhadores do Nova Serra Negra, Medinilha relata, estão sem condições financeiras não só para adquirir alimentos básicos, como para pagar contas de energia elétrica e até aluguel. “O auxílio emergencial restabelece a dignidade dessas famílias em situação de vulnerabilidade”, observa. 

Além das dificuldades financeiras agravadas pela pandemia, a mobilidade reduzida é um dos principais problemas do loteamento. “Falta planejamento viário”, salienta. O acesso ao Nova Serra Negra se dá por uma única rua. “O secretário de Infraestrutura deveria olhar para esse problema”, afirmou. De modo geral, o morador avalia que a vida no loteamento é boa e a infraestrutura é praticamente similar à de um bairro.

“Temos uma escolinha boa, posto de saúde com pediatra e apesar dos problemas é muito bom morar aqui”, afirmou. O morador avalia que o ritmo de desenvolvimento do loteamento e de seu entorno indica que em breve o local deverá se transformar em um bairro.

O desenvolvimento tem sido impulsionado também pela chegada de novos moradores, em especial da cidade de Santos, que estão transformando suas casas de veraneio em residências fixas.

Mas ainda há alguns problemas a serem enfrentados, como as obras de pavimentação que não terminam e que estão resultando em ruas estreitas que dificultam o trânsito dos veículos, a falta de uma creche para crianças de até um ano e os problemas ambientais.

O morador gostaria de ouvir propostas da prefeitura para o meio ambiente. “Falta uma secretaria específica e recursos financeiros para essa área”, afirmou. Ele cobrou ainda multas para os proprietários de terrenos que não fazem a limpeza. Faltam também coleta seletiva de lixo e um centro de triagem para moer galhos de árvores, entre outras medidas.

Assista a seguir ao programa completo:









Comentários