//ANÁLISE// Herança maldita

                                                                                                                                                                           

                                                                                                                                                    


Fernando Pesciotta


Na CPI do genocídio, o general Eduardo Pazuello mentiu 14 vezes e deixou provado que Bolsonaro não liga para as mortes por covid-19, que sua estratégia é alcançar a imunidade de rebanho com a população dizimada.

Neste domingo (23), o general deu outra demonstração de que sua atuação na CPI foi um escárnio. Sem máscara, sorridente, feliz da vida, subiu no palanque do genocida, que também não usava máscara.

Rasgou o regulamento interno das Forças Armadas, que veda a participação de militares da ativa em manifestações políticas.

A despeito dos indícios de surgimento de uma terceira onda da covid-19, os discursos foram de críticas às medidas de combate à pandemia.

Além da demonstração de desprezo com as regras, com a civilidade, com a empatia, com a vida humana, eles escancararam uma campanha eleitoral antecipada e financiada com recursos públicos.

A ação eleitoreira se reforça nesta segunda-feira (24) na manchete da Folha de S. Paulo: “Vem eleição? Vamos para o ataque, diz Guedes”.

O ministro da Economia age para ocultar suas manobras corruptas e sua incompetência, visível nos números do próprio governo.

Em abril, mais de 40 milhões de brasileiros viviam na extrema pobreza, maior número da série histórica do Ministério da Cidadania, iniciada em agosto de 2012. São pessoas que vivem com no máximo R$ 89 mensais.

Há outros dez milhões em condição de pobreza, com renda entre R$ 90 e R$ 178 per capita.

São os “vagabundos” apontados por Guedes e Bolsonaro já na campanha eleitoral de 2018.

Guedes fala em “ir para o ataque” por causa da eleição. Não demonstra nenhuma preocupação com as pessoas, com o desenvolvimento social, com algum propósito. É apenas a busca pela perpetuação no poder.

Subemprego, baixa produtividade e ausência de políticas públicas travam o crescimento econômico e afundam o social.

Mais miserável e informal, o Brasil a ser deixado pela seita bolsonarista é uma tragédia.

--------------------

Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com                                                                      

Comentários