//ANÁLISE// À espera de Ernesto Araújo e Pazuello

                                                                                                                                                                      

                                                                                                                                                    


Fernando Pesciotta


A semana promete ser de apreensão no Planalto. Em meio à falta de vacinas para a segunda dose e cloroquina sobrando, os ex-ministros Ernesto Araújo e Eduardo Pazuello vão depor na CPI da pandemia, onde a maioria já está convencida dos erros e responsabilidade de Bolsonaro.

O presidente da CPI, Omar Aziz, está convicto de que o governo foi negligente e fez pouco caso da vacina contra a covid-19.

Ernesto Araújo entrou na ladainha antiglobalista e fez o possível para evitar que a China vendesse insumos ou vacinas para o Brasil. Agora, está tomando cloroquina para não sujar a cueca.

Quando foi publicamente desautorizado por Bolsonaro na compra da CoronaVac, Pazuello foi claro: “Um manda, o outro obedece”. Pois chegou a hora de saber se Pazuello será homem o suficiente para confirmar os desmandos do genocida.

Cada vez mais acuado, Bolsonaro escala uma retórica agressiva, com ataques a Renan Calheiros, relator da CPI, e a Lula, o favorito na eleição de 2022, segundo as pesquisas.

No final do ano passado, escrevi aqui que o governo eleito em 2018 tinha acabado. Pois Bolsonaro se tornou ainda mais refém do Centrão.

Em 2020, Bolsonaro deu um “Orçamento paralelo” em emendas de R$ 20 bilhões para deputados e senadores governistas. Essa montanha de dinheiro foi direcionada a órgãos chefiados por indicados do Centrão.

O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, não vê problema nisso. “É ingênuo achar que desiguais serão tratados de forma igual”, afirma. A sua pasta teve R$ 8 bilhões para liberar de forma heterodoxa.

Neste ano, um Orçamento secreto separou R$ 3 bilhões para gastos imorais. O dinheiro está servindo para desvio de finalidade e compras superfaturadas.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, colocou R$ 7 milhões desse Orçamento secreto no interior do Piauí, numa região onde ele tem extensas fazendas de gado, e a 800 quilômetros de Brasília.

Haroldo Cathedral, deputado pelo PSD de Roraima, indicou R$ 1 milhão do Orçamento secreto para pavimentação de estrada vicinal em Camanducaia, no Sul de Minas Gerais, seu Estado natal.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com                                                                      

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