//ASSISTÊNCIA SOCIAL// Mães de alunos querem receber cestas básicas mensalmente


As famílias carentes necessitam mais do que um kit de alimentos ou uma cesta básica para garantir sua alimentação no mês. Essa carência explica porque muitas vezes uma mesma família serrana está cadastrada em mais de uma entidade assistencial que distribui alimentos em Serra Negra.  

A duplicidade das famílias nos cadastros das instituições filantrópicas e o perfil das famílias em situação de risco no município devido à pandemia foram temas do programa Serra Negra na Roda, produzido pela Casa da Cultura e Cidadania Dalmo de Abreu Dallari, desta sexta-feira, 22 de abril

O debate contou com a participação de Sheila Nogueira de Carvalho, tesoureira da Conferência Nossa Senhora do Rosário, que compõe a Sociedade São Vicente de Paulo, e Bruna Miranda, uma das integrantes do grupo Mães da Merenda.

Bruna explicou que os kits de alimentos distribuídos pela administração municipal às mães de alunos das redes de ensino municipal e estadual são elaborados por nutricionistas para alimentar as famílias por 45 dias.

“As mães querem um kit de alimentos para 30 dias, porque para 45 dias não dá. Eu mesma tive de fazer uma compra este mês para poder complementar”, explicou. 

Bruna salientou também que algumas mães ainda não teriam conseguido se cadastrar e que estariam tentando a inclusão em outros cadastros da própria prefeitura. “Tem uma mãe no grupo que tentou marcar com a assistente social e até agora não conseguiu”. Bruna é uma das líderes do grupo de WhatsApp Mães da Merenda, com cerca de 70 participantes. 

Desde o ano passado, o grupo se reúne para discutir a distribuição de kit de alimentos da merenda escolar, entre outros assuntos de interesses de mães e alunos.  

“A cesta básica não dura os 45 dias e procuramos oferecer às famílias um complemento dos alimentos”, concorda Sheila. Já no primeiro contato, ela explica, a família assistida recebe algum alimento. “A proposta da Sociedade São Vicente de Paulo é de não miséria e a segurança alimentar é muito importante para entidade”, afirma.

A pandemia atingiu em cheio as mães, muitas das quais tiveram de deixar os empregos para cuidar dos filhos, cujas aulas foram suspensas. “As mães perderam o emprego, a renda diminuiu e o custo de vida subiu”, afirma Bruna. Até o início da pandemia, Bruna trabalhava como caixa em uma loja de produtos populares e teve de deixar o emprego para cuidar dos filhos de 4 e 11 anos.

"A loja fechou, fiquei desempregada e a renda do meu marido caiu muito”, afirmou. Sua situação é parecida com a da maior parte das mães do grupo. "Todos estão passando algum tipo de dificuldade”, acrescentou.

A Conferência Nossa Senhora do Rosário distribuiu em março 388 quilos de alimentos a 106 pessoas de 29 famílias serranas. Além dos doadores fixos que sistematicamente ajudam a Sociedade São Vicente de Paula, a entidade tem recebido doações diversas, incluindo de condomínios da cidade.

“Os prédios fizeram cestas solidárias, a maçonaria contribuiu com cestas e a sociedade está conseguindo se ajudar e fazer sozinha um pouco. Não podemos esperar o poder público. Temos de aprender que cada um pode ajudar um pouco”, afirmou.

Entre as famílias cadastradas, Sheila destaca famílias de jovens, com crianças pequenas, boa parte vindas em busca de oportunidades de trabalho de outras regiões, como o Nordeste. “São famílias muito carentes que não conseguem pagar os aluguéis, não conseguem emprego e algumas que estão tentando retomar a vida e sem família na cidade”, observa.

A seguir, a íntegra do programa: 




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