//ANÁLISE// “Portadoras de vagina” e a CPI que pode salvar

                                                                                                                                               


Fernando Pesciotta


O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, determinou que o Senado instale uma CPI para investigar a responsabilidade do governo na pandemia.

Barroso acatou pedido de senadores de oposição. No que depender do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, parça de Bolsonaro, nunca aconteceria nada.

É indispensável uma investigação de responsabilidades. O País corre atrás da marca de 400 mil mortos na pandemia, os hospitais estão colapsados em praticamente todos os Estados, a cadeia de suprimentos médicos e hospitalares está prestes a desmoronar. Alguém tem de ser responsabilizado pela situação catastrófica a que o País chegou.

No dia em que o País contabilizava novamente mais de 4 mil mortos por covid-19 em 24 horas, Eduardo Bolsonaro vomitava sua boçalidade. Sobre uma discussão na CCJ da Câmara, ele postou no Twitter: "É a gaiola das loucas, são só as pessoas portadoras de vagina.”

Nesta quinta-feira (8), morreu Roseli Aparecida Machado, campeã da Corrida de São Silvestre de 1996. Com covid, ela estava entubada numa UTI havia duas semanas.

Seu falecimento leva a reflexões. Desmente um discurso cansativamente repetido por Bolsonaro. Roseli era relativamente jovem, com 52 anos, e tinha um longo histórico de atleta. Era muito mais atleta do que os expulsos do Exército.

Enquanto o País empilha cadáveres, o discurso oficial é de contemporizar. A vacinação está atrasada e isso tem um culpado. As pessoas se aglomeram porque são incentivadas. O Brasil vive um estado de coisas que precisa acabar urgentemente.

Por mais que uma CPI não chegue à condenação do genocida, ela poderá expor a podridão que governa o País.

Apesar da euforia que a determinação de Barroso trouxe aos meios políticos, infelizmente o efeito prático não será o desejado.

Ao dizer que vai obedecer à ordem judicial, Pacheco faz apenas jogo de cena. Não vai tomar nenhuma decisão até que o plenário do STF avalie o caso, o que só deve ocorrer no dia 26 de abril.

--------------------

Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com                                                                      

Comentários