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Fernando Pesciotta
Nesta quinta-feira (15), Bolsonaro foi dormir com Lula na cabeça, mas ficou sentado no banheiro com o frasco de Rivotril na mão. Em sua live semanal, só falou de Lula e a elegibilidade confirmada pelo STF.
Bolsonaro expõe seus temores sem perceber. Na mesma live, disse que só vai reconhecer a vitória de Lula se os votos forem auditáveis. Além de assumir a derrota, busca dar um golpe como Trump tentou.
As práticas de Bolsonaro ao longo da vida, porém, não estão funcionando, e isso só aumenta seu desespero. Sem preparo, não encontra saída.
Em diversas regiões do Rio de Janeiro, como em Rio das Pedras, os moradores são obrigados a pagar um pedágio por quase tudo que chega às suas casas.
O botijão de gás, o gatonet, a presença de medidores de consumo de água e luz e até o eventual estacionamento do carro na rua precisam ser previamente pagos à milícia. O cidadão tem de pagar com dinheiro ou com a própria vida.
O governo brasileiro segue a mesma lógica. Em carta enviada ao presidente dos EUA, Joe Biden, Bolsonaro pede dinheiro para continuar a “manutenção” do meio ambiente no País. É do tipo “paga ou queimo tudo”.
A carta, como revela o Estadão, descreve um cenário inexistente. Cita uma Amazônia quase intacta e programas arrojados de preservação, com um Brasil líder mundial no combate aos crimes contra a natureza.
“Inspira-nos a crença de que o Brasil merece ser justamente remunerado pelos serviços ambientais que seus cidadãos têm prestado ao planeta”, sugere Bolsonaro.
O Brasil é o 6.º maior emissor de gases de efeito estufa, grande parte por causa da destruição de florestas.
Ontem, o comando da Polícia Federal anunciou a demissão do superintendente no Amazonas, Alexandre Saraiva, que acusa o ministro Ricardo Salles de “causar obstáculos à investigação de crimes ambientais e de buscar patrocínio de interesses privados e ilegítimos”.
Os movimentos do genocida na questão ambiental são incoerentes. Mostram total falta de sintonia com a realidade, preocupação em atender ao mundo civilizado achando que pode enganá-lo.
Ao mesmo tempo que ameaça destruir a floresta se não receber dinheiro, o miliciano pretende usar a Cúpula Climática organizada por Joe Biden para anunciar aumento de recursos para o Meio Ambiente.
Óbvio, a carta não foi bem recebida pela diplomacia dos EUA e Bolsonaro vai ter de procurar outra saída. A chantagem miliciana não deu certo.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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