//ANÁLISE// Contaminação tóxica

                                                                                                                                                        

                                                                                                                                                    


Fernando Pesciotta


Na semana passada, diante de outros 38 líderes mundiais – menos Joe Biden, dos EUA, que achou profilático se retirar daquele ambiente –, na Cúpula do Clima, Bolsonaro disse que “determinou” dobrar a verba para a fiscalização do desmatamento que corre desenfreado.

Ele mentiu. Seu governo esvazia os órgãos de controle e, numa linguagem bolsonarista, dá uma banana para essa história de preservação ambiental.

Poucas horas depois de assumir o compromisso diante do mundo, Bolsonaro provou que estava mentindo ao sancionar o Orçamento 2021 com corte de R$ 240 milhões nas verbas do Ministério do Meio Ambiente.

Ele também cortou R$ 17 milhões do IBGE, e isso tem tudo a ver com suas mentiras. Sem essa verba, não haverá Censo neste ano, assim como já houve em 2020.

Sem dados reais, fica mais fácil para os fiéis bolsonaristas propagar as mentiras contadas pelo líder da seita. Em 2019, é bom lembrar, ele mandou mudar a estatística do desemprego.

Além de mitômano, Bolsonaro é debochado. Na sexta-feira (23), em Manaus, onde sua inação causou a morte de milhares de pessoas, o genocida posou para foto com uma placa onde se lia “CPF Cancelado”.

A gíria “CPF Cancelado” é usada por policiais e grupos de extermínio para registrar a morte de adversários.

Vem bem a calhar. O genocida tem feito esforços para ampliar o número de mortos. Já são mais de 391 mil na pandemia, com números recordes em abril e neste ano. Nos quatro meses de 2021 foram 195.949 óbitos.

Como efeito colateral, os investimentos somem. Recentemente, quatro grandes multinacionais, de setores diferentes, anunciaram a saída do Brasil: Ford, LG (celulares), LofargeHolcim (maior produtora de cimento do mundo) e Cabify (app de transporte).

A franco-suíça LofargeHolcin tem 1,4 mil funcionários no Brasil. Seus ativos, que somam R$ 8,5 bilhões, estão à venda. Entre as empresas que vão embora, são mais de 10 mil empregos diretos desapareceram.

A fome se alastra, o número de miseráveis avança e a vergonha do País cresce. No domingo, o The New York Times, o mais importante jornal do mundo, colocou na capa da edição impressa uma foto de pessoas buscando comida nas ruas de São Paulo.

Por outro lado, as grandes empresas vão anunciar lucros elevados no primeiro trimestre.

Fica claro que não é a pandemia ou o isolamento que derretem a economia, é a alta toxidade de Bolsonaro.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com                                                                      

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