//ANÁLISE// Bolsonaro só pensa naquilo

                                                                                                                                                     

                                                                                                                                                    

Fernando Pesciotta

Nesta segunda-feira (19), a primeira coisa que ele fez foi encontrar os fiéis no chiqueirinho da porta do Alvorada, onde está morando, para falar de... Lula.

Bolsonaro não consegue dormir pensando no ex-presidente. O Rivotril nem faz mais efeito. Vira para lá e para cá, fala sozinho, incomoda Michelle nas poucas vezes que ela está ao seu lado com sons incompreensíveis. Chama pela mamãe, pede ajuda ao Papai do Céu.

Mal espera clarear e olha pela fresta da janela para ver se os fanáticos já estão se aconchegando no chiqueirinho. Passa o leite condensado no pão, usa o guardanapo para secar a baba que caiu na gravata e sai empertigado.

Nesta segunda-feira, à frente de tanta gente inteligente, deu uns passos em busca de autoafirmação, respirou fundo e, pronto, criticou o STF por permitir que Lula seja candidato a presidente se assim o desejar. E, claro, usou seus profundos conhecimentos intelectuais para esnobar o petista.

“Um povo que porventura vote num cara desse é povo que merece sofrer", sentenciou o genocida com conhecimento de causa.

Ele ainda recorreu à ironia para falar da capa da última edição da revista Veja, estampada por foto de um Lula sorridente. “Ele está todo lindão lá”, invejou.

Como se não bastasse, com ar de sabedoria, comparou Jesus Cristo, “que repartiu o pão”, ao PT, que “criou Bolsa Família e bolsa tudo”. “Jesus Cristo repartiu o pão e deu uma sumidinha. Pra quê? Pro povo ir atrás de benefício próprio”, explicou.

Claro, as declarações repercutem nas redes sociais e ganham destaque na imprensa internacional. Afinal, não é em qualquer país por aí que um presidente age assim. Eles morrem de inveja de nós.

Quando não está se exibindo no chiqueirinho nem espalhando perdigotos em aglomerações, o genocida está em sua sala no Palácio do Planalto defendendo os interesses de sua família. Fazendo corrupção.

Segundo revela a Folha, Bolsonaro recebeu em seu gabinete o empresário Welington Leite, o mesmo que doou um carro elétrico de R$ 90 mil a seu filho Jair Renan. O encontro não consta da agenda oficial e o filho 04 é investigado por tráfico de influência.

Sem muita coisa útil para fazer, Bolsonaro também aproveita o tempo para pensar num jeito de se manter no poder. Com Lula no páreo, ele e seus parças vão forçar a volta do voto impresso, que é mais fácil de manipular e roubar a eleição.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com