//SAÚDE// R$ 597 mil, R$ 892 mil, R$ 1,2 milhão... Afinal, qual é o déficit do hospital?



A Câmara Municipal de Serra Negra quer saber qual é o déficit real do Hospital Santa Rosa de Lima. Os vereadores foram informados no fim do ano passado que o déficit acumulado em 2020 era de R$ 597 mil. Porém, levantamento realizado, na semana passada por um grupo de vereadores, entre os quais o presidente da Câmara, César Augusto Borboni, o Ney, constatou um rombo de R$ 892,3 mil, que somado aos restos a pagar dos meses de janeiro e fevereiro de 2021 alcança quase R$ 1,2 milhão.

“Não sei se o que acontece lá é incompetência ou má-fé, mas há erros até no resultado do balancete”, afirmou Ney durante a sessão da Câmara desta segunda-feira, 8 de março. Os vereadores aprovaram o encaminhamento de dois requerimentos à administração do hospital solicitando informações para iniciar um processo de checagem dos dados financeiros.

Um dos requerimentos solicita informações sobre a folha de pagamento, entre as quais o número de funcionários, os cargos ocupados e os valores dos salários pagos. O outro requerimento requisita dados dos balanços financeiros do hospital. “Os requerimentos aprovados são praticamente uma miniauditoria”, avaliou o vereador Wagner Del Buono (DEM), funcionário do hospital.

As informações e dados financeiros que permitiram constatar divergências nos resultados do hospital foram repassadas aos vereadores e ao secretário de Saúde, Ricardo Minosso, pelo administrador do hospital, Bruno Montoni, que ocupa o cargo desde janeiro de 2021, e pelo procurador jurídico, Leandro Tomazi.

A reunião entre representantes da prefeitura e do hospital foi realizada na sexta-feira, 5 de março, depois que os funcionários da instituição ameaçaram cruzar os braços caso os salários de março não fossem pagos de forma integral. A previsão era de que apenas 60% dos vencimentos seriam pagos este mês.

A solução imediata para evitar a greve dos funcionários no meio da fase mais crítica da pandemia de covid-19 será uma alteração no plano de trabalho preparado pela prefeitura e o hospital, aprovado pela Câmara. Dos 442 mil repassados mensalmente pela prefeitura serão realocados para a folha de pagamento mais R$ 30 mil, além dos R$ 50 mil já programados e dos R$ 94 mil provenientes do SUS.

Com isso, a folha de pagamento passa a contar com R$ 174 mil a partir do mês que vem. Mas a solução emergencial terá de ser acompanhada de um plano de redução de gastos e cortes de despesas do hospital, uma vez que a prefeitura não pretende elevar os valores repassados.

Os vereadores calculam que a instituição recebeu no ano passado o maior volume de recursos dos últimos anos. Além dos repasses mensais da prefeitura, foram destinados ao hospital R$ 762 mil provenientes de programas e emendas para enfrentamento da covid-19. Esses valores superam a quantia arrecadada com convênios médicos e consultas particulares, que tiveram uma redução devido à pandemia e à crise econômica.

Apesar desse repasse maior, o déficit mensal do hospital se manteve em alta desde meados de 2020. O déficit de janeiro do ano passado foi de R$ 86.667. Em fevereiro caiu para R$ 62 mil e para R$ 58 mil em junho, quando começaram a ser repassados os R$ 762 mil.

“A partir desse momento, a tendência deveria ser de queda, com a entrada dessa ajuda financeira”, observou Ney. Mas a trajetória foi ao contrário: o déficit começou a subir e em novembro atingiu R$ 81,2 mil. No mês de dezembro, apesar de a demanda por serviços de saúde sazonalmente cair, o déficit chegou a R$ 133,1 mil.

A tendência de alta se manteve em 2021. Em janeiro foi registrado um prejuízo de R$ 133 mil e em fevereiro de R$ 139 mil. Para equilibrar o caixa, representantes da prefeitura, Câmara e administração do hospital vão tentar aplicar uma nova política de gestão, definida a partir da auditoria dos dados financeiros.

Algumas áreas com potenciais de cortes de despesas já foram identificadas, como o de energia elétrica e água, que giram em torno de R$ 10 mil cada.

“Temos de chamar a Sabesp para ceder água para o hospital e a CPFL ,que já colocou as placas fotovoltaicas”, citou Ney.  Para ele este é o momento de fazer os cortes, uma vez que o hospital já não paga mais INSS, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e está atrasando os pagamentos do acordo que fez com o  sindicato dos funcionários.

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