//PANDEMIA// Comerciantes protestam em carreata e prefeitura os recebe com flores

Manifestação de comerciantes na Rua Coronel
Pedro Penteado: trânsito interrompido e confusão



Um grupo de comerciantes interrompeu nesta quarta-feira, 24 de março, o trânsito do centro de Serra Negra com uma carreata puxada por um caminhão de som. Nenhuma das entidades representativas dos empresários serranos assumiu a liderança e organização oficial da manifestação, que contou com o apoio e a participação de políticos da oposição, derrotados nas últimas eleições municipais.

A maior parte dos empresários participantes é proprietária de lojas da Rua Coronel Pedro Penteado e adjacências. A maioria desses estabelecimentos tem como principal cliente os turistas, e é de lojas de produtos considerados não essenciais, como vestuário, calçados e artesanatos, entre outros. 

Do alto de um trio elétrico e ao som do Hino Nacional, a empresária Mary Bekas, proprietária da sorveteria Gelato Dona Mari, gritava palavras de ordem, como "a cidade não pode parar", acrescentando que o desemprego será outro vírus que vai matar mais serranos. “Algum de vocês, comerciantes, têm funcionários ricos?", perguntava. 

Nesta semana ela fixou uma faixa na porta de sua sorveteria em protesto contra o fechamento, com os dizeres "Trabalho não é Crime", e compartilhou um vídeo nas redes sociais, no qual seus funcionários pedem para trabalhar, porque precisam do salário.

O caminhão de som parou em frente da prefeitura. No local, um grupo de funcionárias públicas de diversas áreas, entre as quais da saúde, entregava aos motoristas uma rosa.

A presença dessas funcionárias incomodou os organizadores, que gritavam para que os motoristas não aceitassem a flor. “Queremos trabalho, queremos vida, não rosas”, diziam.

Funcionárias da prefeitura deram rosas aos manifestantes,
que não pediram audiência com o prefeito


Ao longo do trajeto foi registrado pelo menos um atrito entre os manifestantes e serranos contrários à realização do movimento. Alertados por um motorista, que desceu de seu carro para dizer que já não há mais leitos para pacientes de covid-19 no hospital do município, nem UTI na região, os manifestantes insistiram na necessidade de reabertura do comércio. Chamados de negacionistas, quase agrediram o cidadão contrário à manifestação.

A prefeitura não recebeu nenhum pedido de audiência com o prefeito, nem qualquer reivindicação dos organizadores da carreata. 

A prefeitura salientou, em nota enviada ao Viva! Serra Negra, que entende "todo o sofrimento e aflição dos comerciantes e procura fazer tudo o que é possível". Explicou que "o gesto de recebê-los com flores foi com o condão de demonstrar a solidariedade e acolhimento, mas infelizmente, como todos sabemos, a situação da saúde é critica, inclusive amplamente demonstrado pela Dra. Daniela Biller na live organizada pelo Viva! Serra Negra recentemente, e neste momento, esta requer maior atenção". E finalizou afirmando que "enquanto não tivermos vacina para todos, as medidas que devem ser seguidas, determinadas pelo poder estadual,  já são conhecidas de todos".

A manifestação dos comerciantes ocorre no momento mais crítico da pandemia e dois dias depois de prefeito ter realizado uma "live" alertando a população para a gravidade da situação, que deverá se tornar ainda pior nos próximos dias, com o alto risco de aumento do número de mortos por falta de leitos de UTI.

Dias antes da manifestação circulou nas redes sociais informação de que 77 estabelecimentos comerciais fecharam suas portas neste ano. A informação não tem procedência nem fonte de sua origem, mesmo assim políticos e manifestantes a têm usado como argumento para justificar a reabertura do comércio. 

Comentários

  1. Essas pessoas ainda não entendem a gravidade da situação!! Agora com os feriados antecipados , deveria ser fechado pousadas e hotéis!!

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