//ANÁLISE// Os sinais de uma família corrupta

                                                                                                                               


Fernando Pesciotta


Um grupo empresarial de mineração e construção presenteou Jair Renan, o filho 04 de Bolsonaro, com um carro elétrico de R$ 90 mil. A notícia é de O Globo.

Um mês após a doação, em outubro de 2020, os empresários conseguiram um encontro com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

A assessoria do ministério confirma a reunião, que contou com a presença de Jair Renan, e informa que ela ocorreu por pedido de um assessor especial da Presidência.

O fato é grave indício de corrupção e fica ainda pior quando se sabe que desde setembro de 2019 a empresa conta com benefício fiscal da Sudene. Esse benefício lhe permite pagar apenas 25% do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, o Imposto de Renda normalmente pago por empresas.

Em vez de pagar impostos, o grupo paga favores ao filho de Bolsonaro.

O caso está sendo investigado pelo MP, assim como aquele dos peculatos que ganharam o apelido de rachadinhas.

Com acesso a dados do sigilo bancário e fiscal de Flávio Bolsonaro, aquele da mansão de R$ 6 milhões, e de empresas e outras pessoas suspeitas, o UOL descobriu o que todo mundo já imaginava: o esquema de desvio de dinheiro público é uma prática de toda a família Bolsonaro.

Há evidentes indícios de que o esquema de peculato teria ocorrido também nos gabinetes do pai, Jair Bolsonaro, quando era deputado, e do vereador Carlos Bolsonaro.

Bolsonaro usou sua segunda mulher, Ana Cristina Siqueira Valle, como laranja. Mais ou menos como ver dinheiro de Fabrício Queiroz depositado na conta de Michelle Bolsonaro.

Efeito Lula


Analistas de todas as cores e tendências concluem que a volta do ex-presidente Lula ao cenário eleitoral forçará mudanças no governo.

O discurso de Lula, o agravamento da pandemia e a pressão internacional por mudança de rumo elevam as pressões pela saída do ministro (?) da Saúde, general Eduardo Pazuello.

Neste domingo (14), foi dado como certo que o general alegou motivos de saúde para pedir afastamento do cargo. Fora a piada pronta, Pazuello negou, mas Bolsonaro continua entrevistando candidatos para o cargo.

Uma das indicadas foi a médica Ludhmila Hajjar. Ela foi imediatamente rejeitada pelo bolsonarismo quando se descobriu tratar-se de uma profissional séria, contrária a tratamentos precoces contra a covid-19, crítica da cloroquina.

Seja quem for o quarto ministro da Saúde nesta gestão, continuaremos sob o flagelo imposto por Bolsonaro. Bem feito para um País que assiste pacificamente manifestações em favor da morte, como a carreata bolsonarista deste domingo.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com                                                                      

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