//ANÁLISE// Entre o Centrão e o golpe

                                                                                                                                        


Fernando Pesciotta


Sabendo que está fazendo um péssimo governo, Bolsonaro elevou sua paranoia à enésima potência e intensificou os movimentos para tentar um autogolpe ou garantir que não seja "impeachmado".

Mexeu em seis ministérios. Algumas trocas se deram porque os titulares não aceitaram desacatar a lei e a Constituição e resistiram ao golpismo bolsonarista.

Há alguns dias Bolsonaro disse: “O meu Exército.” Já era um recado aos comandantes que não entraram na aventura de apoiar publicamente uma radicalização por meio de Estados de Sítio, tropas na rua e outras maluquices que a família Bolsonaro coloca na cachola do genocida.

Nesta segunda-feira (29), o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, foi demitido por isso. Ao deixar o cargo, disse que as Forças Armadas são do Estado brasileiro.

Também há poucos dias, Bolsonaro anunciou que iria ao STF contra as medidas de isolamento adotadas por governadores para tentar amenizar os efeitos da pandemia.

O advogado-geral da União, José Levi, que deveria assinar o documento, se recusou a fazê-lo por entender que não havia base legal. O STF classificou a ação como “ridícula” e a despachou de volta. Levi deixou o governo nesta segunda-feira.

Bolsonaro mostra irritação com a recusa de assessores em fazer os serviços sujos que ele determina. Setores militares dizem rechaçar o golpismo. As mudanças nas Forças buscam contar com apoiadores do bolsonarismo, não com militares que prestem serviço à sociedade.

A busca desesperada de proteção contra um impeachment inclui também escancarar as portas do governo para o Centrão. Bolsonaro tirou o general Luiz Eduardo Ramos da Secretaria de Governo para poder acomodar um nome indicado pelo grupo.

Quem assume a “articulação” do governo é a deputada Flávia Arruda. Sua nomeação causou profunda estranheza. Assim como Bolsonaro, Flávia nunca teve uma atuação destacada na Câmara, nunca liderou nada nem ninguém. Além disso, é casada com o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, preso por corrupção.

No Ministério das Relações Exteriores, Ernesto Araújo finalmente foi defenestrado. Para seu lugar, porém, vai um inexpressivo diplomata, Carlos Alberto Franco França. Sua experiência se resume a serviços no Paraguai, Bolívia e EUA. Em Brasília, chefiou o cerimonial do Planalto.

O ponto forte do currículo de França é que atualmente tem como chefe Felipe Martins, aquele mesmo que na semana passada fez um gesto de supremacia branca no Senado.

O resumo da ópera: Bolsonaro se revela acuado e não tem quadros decentes para lhe dar apoio. Tem de ficar com o baixo clero e militares ávidos por nacos de poder e com sabor de coturno na língua.

Desastre na Educação


Pela quinta vez nesta gestão, a Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação, está vaga. Uma guerra da ala talibã do governo (?) não deixa ninguém no cargo, que num país mais ou menos decente seria um dos mais importantes.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com                                                                      

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