//ANÁLISE// Crise persistente afeta base do governo

                                                                                                                                   


Fernando Pesciotta


Finalmente, começa a aparecer uma luz no fim do túnel. Ainda é apenas um ponto distante, mas na atual conjuntura, qualquer coisa que traga esperança é bem-vinda.

Jair Messias estava convicto de que seu discurso supostamente a favor da economia em detrimento do combate à pandemia lhe renderia apoio. Pesquisas recentes fazem seus assessores repensarem a estratégia.

Segundo o Datafolha, 65% da população acha que a situação da economia vai piorar.

A junção de crise na saúde pública, efeito Lula e auxílio emergencial desidratado atormenta a base do governo no Congresso. A lua de mel com o Centrão, segundo o Estadão, durou apenas um mês e já acabou.

Sinal disso é que na semana que deveria ser de alívio para o governo, com a troca do ministro da Saúde, Jair Messias fez uma grande lambança e viu a pressão na base aumentar.

Preocupado em garantir foro privilegiado ao general Eduardo Pazuello, para ele não ser preso, o tenente cloroquina mantém dois ministros, o velho e o novo. E quem tem dois ministros da Saúde não tem nenhum.

Nas principais bancadas, mesmo do Centrão, a avaliação é de que a falta de uma coordenação do governo no combate à pandemia pode custar a reeleição de Jair Messias.

Mais do que isso, pode custar o mandato. Também conforme o Estadão, líderes partidários já questionam se substituir Bolsonaro não seria a melhor solução.

Para piorar a situação do genocida, velhos banqueiros, vistos como seus cúmplices, divulgaram carta aberta neste domingo (20) com duras críticas ao governo pelo péssimo trabalho no combate (?) à pandemia.

No documento, afirmam que a situação econômica e social é desoladora e pode insurgir uma nova contração da atividade econômica.

"Essa recessão [...] não será superada enquanto a pandemia não for controlada por uma atuação competente do governo. Este subutiliza e utiliza mal os recursos de que dispõe, inclusive por ignorar ou negligenciar a evidência científica no desenho das ações para lidar com a pandemia."

Além do ritmo lento e da insuficiência das vacinas diante do risco de surgimento de novas cepas do vírus, a carta considera a necessidade de adoção de um lockdown nacional.

Pressionado, o Planalto convocou para esta semana uma reunião com as lideranças dos Três Poderes sob a alegação de tentar organizar um movimento unificado de combate à pandemia.

Analistas, porém, consideram tratar-se de mais uma jogada para ganhar tempo e sufocar propostas de CPI.

A natureza do genocida não permite vislumbrar mudança de pensamento e de ações.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com                                                                      

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