//ANÁLISE// Brasil contraria tendência global

                                                                                                                          


Fernando Pesciotta


Nas últimas 24 horas, nada menos do que 79.237 pessoas foram diagnosticadas com coronavírus. Em um dia, são 1.086 mortos, no pior domingo da pandemia.

Esses números se juntam a outros para indicar que o Brasil está na contramão do mundo, com a maior alta de óbitos por Covid-19 entre os dez países com mais mortes. Segundo o Estadão, desse grupo de nações, oito têm queda na média móvel.

A Índia, tem alta de 8,9%. Ainda assim, bem menor do que os 30,5% do Brasil, que vê a média diária chegar a 1.497. No total de novos óbitos por milhão de habitantes o País alcança a liderança.

As maiores quedas são observadas em países que adotaram rigoroso isolamento social.

Despreparado e incompetente, o nazista Jair Bolsonaro mandou uma comitiva a Israel para saber mais sobre o spray que curaria o coronavírus. Questionado pelo TCU, mudou a versão e disse que a missão foi atrás de vacina.

A comitiva tem nove pessoas, incluindo Eduardo Bolsonaro, sem que alguém explique a razão de sua presença numa viagem paga com dinheiro público.

Nenhuma dessas pessoas é o ministro (?) da Saúde. Integrante da delegação, o chanceler Ernesto Araújo amplia o vexame internacional do Brasil. Em evento de boas-vindas em Israel, o cerimonial teve de pedir ao ministro que colocasse a máscara.

O constrangimento foi explorado em grupos de WhatsApp do Itamaraty como exemplo do “desprezo que o ministro desperta entre diplomatas”.

O perfil e comportamento da delegação brasileira são motivo de chacota no governo israelense.

Se considerarmos que a missão foi mesmo atrás do sucesso de Israel no programa de vacinação, trata-se de um escândalo de grandes proporções. O Brasil é reconhecido globalmente por sua experiência em programas de vacinação. No governo Lula, vacinou mais de 80 milhões de pessoas contra H1N1 em 90 dias.

A Pfizer confirma que já em agosto ofertou 70 milhões de doses de vacina contra covid-19 com compromisso de entrega em dezembro. O governo rejeitou a oferta.

Não fosse a ignorância do negacionismo de Bolsonaro, é o Brasil que poderia estar faturando alto com seu know-how.

A realidade, porém, é oposta. O Brasil de Bolsonaro desperta pavor. Para o governo e a imprensa dos EUA, por exemplo, o “descontrole” e a disseminação da variante P1 são uma ameaça ao mundo. Caminhamos para o agravamento do isolamento que o País já vive.

--------------------

Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com                                                                      

Comentários