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A ciência e o negacionismo foram temas do programa Serra Negra na Roda desta quinta-feira, 26 de fevereiro, dia em que a pandemia do covid-19 no Brasil registrou seu pior momento, com taxas de ocupação das UTIs do SUS batendo em 80% em 17 capitais, mortes de 1.582 pessoas em 24 horas e as menores marcas de isolamento social.
A situação, no entanto, deve piorar nas próximas semanas, segundo os participantes do programa. Somente o comportamento dos brasileiros, eles apontam, como o afastamento social e o uso de máscaras, pode evitar a aceleração das infecções pelas novas variantes.
Participaram do debate promovido pela Casa da Cultura e Cidadania Dalmo de Abreu Dallari a bióloga Rosely Alvim Sanches, mestre em ciências pelo Instituto de Biociências da USP e doutora em ambiente e sociedade pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, o professor sênior da USP Mário De Vivo, ex-integrante do Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto e Museu de Zoologia da USP, além de pós-doutorado no Department of Mammalogy do American Museum of Natural History de Nova York, e Lucas Menezes, doutorando em física pela Unicamp, que tem se dedicado nos últimos meses a analisar os dados de covid-19 do município de Serra Negra.
“O que dá para perceber é que se a gente olhar para o passado, a gripe espanhola ficou dois anos matando. Essa gripe, a covid-19 é parecida e vai continuar girando. A fabricação dessas vacinas não vai chegar para fazer a imunização tão rapidamente. Seriam necessárias de 10 a 12 bilhões de doses”, afirmou o professor Mario De Vito.
A situação extremamente grave do país na avaliação da bióloga Rosely Sanches é consequência do negacionismo. “É reflexo do achismo de cada um em relação a uma questão tão complexa que é essa doença, causada pela covid-19”, afirmou.
A bióloga avalia que a melhor medida é a precaução e lembra que no livro "A Peste", de Albert Camus, publicado no fim dos anos 1940, o isolamento social já era citado como a melhor medida de precaução para as doenças infecciosas. Para a professora, a falta de informação tem levado as pessoas a achar que nada está acontecendo e o país fica patinando nessa situação crítica com mais de 1.000 mortes diárias.
O físico Lucas Menezes lembrou que a ligeira diminuição de casos de infecção no Circuito das Águas Paulista em fevereiro causa uma falsa sensação de tranquilidade, que provoca o relaxamento das pessoas. O número de casos de contaminação em pelo menos 7 das 9 cidades da região diminuiu, mas as UTIs, ele lembra, ainda estão com altos níveis de ocupação e vão levar ainda algum tempo para liberar os leitos, porque a recuperação dos pacientes pode levar até semanas.
A seguir, a íntegra do programa:
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