//ANÁLISE// Guerra espiritual contra o coronavírus

                                                                                                                                  


Fernando Pesciotta


A imprensa brasileira destaca o fato de o País ter alcançado a marca de 250 mil mortos por covid-19 um dia antes de completar um ano de pandemia.

No mesmo dia, Jair Bolsonaro, o capitão cloroquina, provocou novas aglomerações e reclamou publicamente de prefeitos e governadores que anunciaram medidas restritivas para evitar um colapso ainda maior nos hospitais.

Mas há outros tipos de prefeito, os fanáticos fundamentalistas que ajudam na estatística de mortos. Vitor Castelliano, prefeito de Cabedelo, cidade de 70 mil habitantes na região metropolitana de João Pessoa, convocou a população para um jejum.

"Gostaria de fazer um pedido a vocês. Para que no dia 15 de março todos juntos possam jejuar. Fazer um jejum em prol da guerra espiritual contra a covid", diz ele em vídeo postado nas redes sociais.

A pandemia avança e o Brasil se retrai, num movimento pendular revelador da nossa mazela. Henry Gordon Wells, pensador inglês que nos deixou em meados do século passado, certa vez disse que “a história da humanidade se torna cada vez mais a corrida entre a educação e a catástrofe”.

Wells não foi contemporâneo de Bolsonaro, mas parecia antecipar, há quase cem anos, o que viria no futuro. Foi certeiro na sua perspectiva.

No vácuo deixado pela ausência de liderança nacional no combate à pandemia, com um presidente ignorante e um ministro incompetente, o Senado aprovou projeto de lei que facilita a compra de vacinas pela iniciativa privada.

O texto prevê que as empresas devem doar ao SUS todas as vacinas que adquirirem enquanto não terminar a imunização dos grupos prioritários. Depois disso, as empresas deverão doar ao SUS pelo menos 50% das doses que comprarem. O projeto segue para votação na Câmara.

Num país desesperado em busca de vacina, como se vê pela iniciativa do Congresso, o capitão cloroquina diz que ele pode vetar um acordo para a compra do imunizante da Pfizer.

Nesta quarta-feira (24), 78 mil doses de vacina que deveriam chegar ao Amazonas foram parar no Amapá, que aguardava 2 mil doses. O general Pazuello é especialista em logística. 

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com                                                                      

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