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Fernando Pesciotta
O que vinha se desenhando desde o final de semana se materializa no açodamento de uma crise político-institucional provocada pela ação de lideranças militares e milicianos a serviço do bolsonarismo.
O deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ) foi preso no final da noite desta terça-feira (16) após divulgar vídeo no qual ofende e ataca ministros do STF, incita a violência contra a Corte, ameaça um magistrado e foi homofóbico. Ele já era investigado por patrocinar, promover e participar de atos antidemocráticos em Brasília e sugerir a invasão do STF.
Silveira é o mesmo que costuma ironizar a morte de Marielle Franco, assassinada pela milícia no Rio de Janeiro há dois anos. Foi Silveira que quebrou, em evento público, uma placa com o nome de Marielle, às vésperas da eleição de 2018.
Recentemente, Silveira foi expulso de um avião por se recusar a usar máscara. É a escória.
A ordem de prisão por “flagrante delito” foi dada pelo ministro Alexandre de Moraes, que classificou as manifestações do deputado como "gravíssimas” por constituir ameaça à segurança dos ministros do Supremo e terem o intuito de “impedir a independência do Poder Judiciário e a manutenção do Estado Democrático de Direito".
Nesta manhã, outros deputados bolsonaristas repetem os ataques e chamam Moraes de “vagabundo”.
O estopim dessa crise foi a confirmação de que um tuíte do então comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, em 2018, tinha o intuito de pressionar o STF a não conceder habeas corpus a Lula.
Vaidoso ao extremo, Villas Bôas acrescentou uma grave provocação ao revelar que a postagem foi planejada pelo Alto Comando das Forças Armadas.
Sem Lula, o líder das pesquisas de intenção de voto, o caminho estava aberto para o capitão cloroquina e a esbórnia que os militares fazem no poder.
O ministro Edson Fachin classificou como "intolerável e inaceitável" qualquer forma de pressão sobre o Judiciário. Villas Bôas retrucou com ironia, promovendo bate-boca com ministros da Corte e incentivando os milicianos a partirem para a violência. Um golpista irresponsável.
No vídeo postado nesta terça-feira, Silveira diz que os 11 ministros do Supremo "não servem para p... nenhuma, não têm caráter, nem escrúpulo, nem moral" e deveriam ser destituídos para a nomeação de "11 novos ministros". A única exceção é Luiz Fux.
Silveira insinua que o STF deveria prender Villas Bôas para provocar uma reação militar no País.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, também será notificado pelo STF para tomar "as providências que entender cabíveis". Lira fala em “serenidade” e avisa que seguirá “a lei”. Mas se o Congresso tiver um mínimo de respeito pela democracia, Lira terá de descer do muro e forçar a cassação do deputado Silveira.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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