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Fernando Pesciotta
Mais uma vez, ficou caracterizado que o governo de Jair Bolsonaro empenha todas as suas forças para armar a população, ou o que sobrar dela, pois ignora qualquer esforço para deter a pandemia do coronavírus.
Bolsonaro quer aproveitar a nova direção do Congresso para acelerar pautas no mínimo polêmicas. Sem entrar em detalhes, como de hábito, ele disse nesta quinta-feira (4) que vai editar na semana que vem mais três decretos sobre armas.
Ele também considera acertado que o Congresso aprove um projeto que dificulta a punição de militares que matarem durante operações.
Vamos juntando as informações para entender onde Bolsonaro quer chegar.
Ainda na quinta-feira, Bolsonaro gastou dinheiro público para viajar 1.500 quilômetros no avião presidencial para inaugurar uma pista de atletismo em Cascavel. Tem sido sua rotina gastar dinheiro com coisas inúteis, assim como visitar instalações militares em todo o País para fazer a pregação armamentista.
Continuemos seguindo o novelo.
Bolsonaro disse mais uma vez que não tem "medo do povo armado. Arma é um direito. Arma evita que um governante de plantão queira ser ditador. Eu não tenho medo do povo armado. Muito pelo contrário, me senti muito bem (em) estar ao lado do povo de bem armado no nosso Brasil”.
Ele já antecipou que não vai aceitar uma derrota eleitoral e explicitou que se perder, vai acontecer aqui pior do que a invasão do Congresso que se viu nos EUA. A ameaça é explícita. “Arma evita que um governante de plantão queira ser ditador.” Fica clara sua intenção de ter uma milícia armada a seu lado.
Seu governo zerou a tarifa de importação de armas, num lobby explícito de Eduardo Bolsonaro (de graça?). O resultado é o volume recorde de venda de armas importadas.
Bolsonaro está criando sua Gestapo.
Enquanto isso, interesses da sociedade são ignorados. Ontem foi realizada nova reunião da Organização Mundial de Comércio (OMC) na tentativa de quebrar a patente das vacinas contra o covid-19, conforme proposto pela Índia.
A quebra da patente é a forma de reduzir substancialmente o preço do imunizante e permitir que a vacina chegue a toda a população global.
Na reunião, a Venezuela foi o único país latino-americano a se manifestar favoravelmente. O Brasil, fechado com os interesses dos países ricos, despreza a necessidade da população e calou-se.
Paralelamente, estudos confirmam que antimalárico, vermífugo e antiparasitário, defendidos pelo capitão cloroquina, não ajudam a evitar mortes e quadros graves de covid-19.
Em tempo: em plena pandemia, cadê o ministro da Saúde?
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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