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Carlos Motta
Dois simpáticos palhaços foram às ruas de Serra Negra neste fim de semana para alertar, ludicamente, como esclarece a prefeitura, patrocinadora da ação, a população e os visitantes sobre os cuidados que se deve ter para evitar o contágio pelo novo coronavírus.
Fotos dos dois foram distribuídas à imprensa e publicadas nas páginas oficiais na internet.
A cidade atravessa hoje o pior momento da pandemia do covid-19, assim como todo o Brasil e o mundo.
Não há mais leitos de UTI na região para os casos graves da doença.
O único hospital da cidade não tem esse equipamento.
A situação se complica a cada minuto, a cada hora, a cada dia.
Nas ruas, porém, o que se vê é uma cidade vivendo num ritmo normal, comércio aberto, veículos circulando, pessoas caminhando despreocupadamente - muitas delas sem a mais básica proteção contra o coronavírus, que é a máscara facial.
As informações distribuídas pela prefeitura, além daquelas sobre os dois palhaços, são vagas.
O novo prefeito, sempre que pode, alerta os serranos para que cumpram os protocolos mais que conhecidos para evitar o alastramento da contaminação: usar máscaras, evitar aglomerações, manter o distanciamento e higienizar as mãos.
Quanto àquilo que realmente faria Serra Negra controlar a pandemia, ou seja, fiscalizar duramente os estabelecimentos comerciais e de serviços para o cumprimento dos protocolos sanitários, obrigar o uso de máscaras por todos os cidadãos, evitar a qualquer custo aglomerações, controlar a entrada de turistas, isolar e monitorar com exatidão quem teve contato com infectados ou suspeitos, pouco se fala.
Já se foi o tempo de advertências aos infratores, de esclarecimentos aos ignorantes, de tratar o covid-19 com timidez.
Só vamos conseguir aliviar o nosso sofrimento com medidas duras e sérias.
Os mais velhos, como eu, se lembram como o uso do cinto de segurança, décadas atrás, se tornou trivial. De início, embora obrigatório, ele era ignorado pelos motoristas, que somente começaram a colocá-lo quando os agentes de trânsito passaram a multar, sem dó, os infratores. Depois disso, a adesão ao uso foi rápida.
Com a pandemia é a mesma coisa: é só as nossas autoridades começarem a aplicar a lei, sem exceções, que todo mundo vai andar na linha.
O combate à maior crise sanitária em mais de um século é coisa séria, muito séria.
Os palhaços são essenciais no circo, para provocar o riso. Não têm lugar numa tragédia.
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