//ANÁLISE// Panelaços, Anvisa e vacina

                                                                                                      


Fernando Pesciotta


O fim de semana não foi nada bom para Jair Bolsonaro e o general da saúde, Eduardo Pauzuello.

A aprovação do uso emergencial das vacinas contra o covid-19 pela Anvisa veio acompanhada de críticas ao governo no combate à pandemia, elogios à ciência e condenação de tratamento precoce.

A aplicação da primeira dose da Coronavac deu o argumento final para as redes sociais levantarem hashtags contrárias ao presidente e ao general, que disse ter imunizantes “em mãos”. Mentiu.

Por isso, #Mentiroso, #ImpeachmentJa e outras mais agressivas, como #BolsonaroVaiTomar... fizeram sucesso no Twitter ao longo do domingo.

A imprensa já enfatizava que o governo sabia da crise em Manaus e não tomou nenhuma providência, num misto de incompetência e descaso. Na sequência, vieram as fotos da enfermeira Mônica Calazans tomando a primeira dose da vacina.

De mãos vazias, cara de tacho e pego na mentira, o general da saúde reagiu dizendo que o governador João Doria usa a vacina como “marketing pessoal”. É fato, deplorável, e por isso Bolsonaro faria o mesmo se tivesse competência para alcançar a vacina antes do aprendiz de governador.

Bolsonaro, na verdade, vinha sendo alvo das redes sociais desde a sexta-feira (15), com a convocação de panelaços, que acabaram ocorrendo em várias cidades. Os protestos se repetiram na noite de sábado e ao meio-dia de domingo.

O último post de Bolsonaro no Twitter foi para anunciar o envio de cinco cilindros de oxigênio para Manaus. Atraiu mais críticas do que incentivos, numa proporção de nove para um. Os usuários cobram empenho em favor da vacina e no combate à pandemia.

Num misto de incompetência, má-fé e crueldade, em sua última live, ao lado do general da saúde, Bolsonaro voltou a defender o uso de ”tratamento precoce” e da cloroquina.

Ao aprovar por unanimidade o uso das vacinas, a Anvisa salientou que a decisão é necessária porque “não há tratamento precoce contra a doença”.

No auge da segunda onda da pandemia, Bolsonaro mente, desinforma e despreza a morte de quase 210 mil brasileiros. Ainda iremos ouvir sobre como o superfaturamento da cloroquina motiva a defesa de sua aplicação.

Escabroso


O Porto de Itaguaí é a principal porta de entrada de produtos contrabandeados pela milícia do Rio de Janeiro. Depois de bater recordes de apreensão, o delegado da Receita Federal no terminal, José Alex Nóbrega de Oliveira, teve parte de suas atribuições esvaziadas, por determinação do Planalto, e acabou deixando o cargo.

É por Itaguaí que chegam armas para as milícias. É por ali também que entram produtos piratas como o TV Box, aplicativo de reprodução ilegal de sinal de TV fechada, o chamado “gatonet”, serviço explorado pela milícia.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com                                                                      

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