//ANÁLISE// O colapso brasileiro

                                                                                                  


Fernando Pesciotta


Esta segunda-feira (11) foi especialmente reveladora do ambiente deteriorado que toma conta do Brasil graças a uma gestão pública incompetente e despreocupada com nossas mazelas.

Depois de um século no País, a Ford anuncia o encerramento de sua produção de veículos no Brasil. Vai fechar as fábricas de Taubaté, Camaçari e Horizonte (CE) e demitir 5 mil trabalhadores. Os carros da marca continuarão sendo vendidos, importados da Argentina.

Ironicamente, lembremos, a Argentina estaria fadada ao fracasso desde a eleição do “comunista” Alberto Fernández, segundo a versão bolsonarista. No começo de dezembro, Fernández anunciou investimento de US$ 580 milhões da Ford para ampliar a produção na Argentina.

A Volkswagen revela um plano de demissão voluntária para cortar 1,3 mil funcionários na fábrica de Taubaté.

Um parêntese: após o golpe militar de 1973, o Chile passou a contar com uma orientação econômica de técnicos norte-americanos, uma equipe chamada de Chicago Boys. Entre eles estava Paulo Guedes. Essa orientação levou à total desindustrialização do Chile, que começou com a saída da Ford. A decisão da montadora no Brasil abre uma discussão sobre a desindustrialização de um país que só se preocupa em exportar commodities.

O Banco do Brasil também anuncia um plano de demissão voluntária para eliminar cinco mil vagas. Vai fechar agências e diminuir de tamanho, abrindo espaço para os concorrentes privados.

A vacina contra o covid-19 é alvo de chacota do ministro da Saúde, ao dizer que ela virá no dia D e na hora H.

A Bolsa fecha em queda, o dólar sobe, o real é a moeda mais desvalorizada do mundo neste ano e o ministro da Economia festeja o fim do auxílio emergencial.

Para completar, Jair Bolsonaro comemora o aumento das vendas de armas no País e pede mais, dentro do seu plano golpista-terrorista.

Fica a cada dia mais claro que os investidores não confiam no governo brasileiro e levam embora o capital e o trabalho. A culpa não é do empresário. Você, leitora e leitor, colocaria seu dinheiro num país pobre, sem planos e presidido por um miliciano?

Não tem como dar certo. Todos os sinais vitais do País estão em colapso. É de uma tristeza profunda. O que mais atormenta as boas almas é que o sofrimento maior fica para os milhões de brasileiros de baixa renda, que estão sem cultura, sem educação, sem saúde, sem emprego, sem perspectivas e sem esperança.

“Difícil perdoar os que sabiam o pesadelo em que estavam nos metendo em 2018. Quanto sofrimento impuseram ao País. O pior é saber que a conta da aventura será paga por quem mais precisa”, observa Fernando Haddad em post no Twitter.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com                                                                      

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