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Fernando Pesciotta
O governo Jair Bolsonaro não se cansa de dar exemplos de pouco caso com a vida das pessoas e de autoritarismo. E segue à risca o mantra de usar mentiras para contar mentira.
No mesmo dia em que o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello disse que “não se fala mais em isolamento social”, outro ministro, o da Educação, determinou a volta das aulas presenciais nas universidades federais.
O inútil Milton Ribeiro será ignorado pelos reitores e provavelmente terá de voltar atrás.
Três dias depois da eleição municipal, o general Pazuello conseguiu ser irônico ao falar das consequências das aglomerações. Segundo ele, a campanha eleitoral provou que o contato entre pessoas não causa a transmissão do vírus, pois considera que essas aglomerações não provocaram aumento de casos.
Portanto, acrescentou o general, não se pode mais falar em afastamento social porque a campanha eleitoral não provocou “aumento de contaminação”. Ele mentiu.
Essa é uma das estratégias do governo Bolsonaro, a começar pelo próprio presidente. Ignore-se a verdade e os fatos. O que vale a versão. Quando o general fala que não houve aumento de casos, ele joga para a plateia bolsonarista, tenta encontrar apoio para permanecer na boquinha do cargo.
Há semanas que a imprensa relata o aumento de casos e de mortes pelo coronavírus. Dados do consórcio de imprensa indicam que a média móvel nos últimos 7 dias foi de 38.154 novos diagnósticos por dia, a maior desde 6 de setembro, o que indica tendência de alta.
Já o inútil ministro da Educação publicou portaria que determina o retorno das aulas presenciais nas instituições federais no dia 4 de janeiro sem ter consultado os reitores e sem se preocupar com a segurança de alunos e professores.
A portaria assinada pelo ministro Milton Ribeiro não especifica quais medidas devem ser previstas no protocolo de segurança.
Depois de a UFBA anunciar que não voltará às aulas na data determinada, reitores de universidades informaram que não vão acatar a portaria.
As entidades estudantis, como UNE, Ubes e ANPG, consideram que a portaria é uma "atitude irresponsável, equivocada e que atenta contra a vida do povo brasileiro".
A avaliação interna no governo é de que o inútil acabará recuando da determinação. A volta atrás só não foi oficializada no mesmo dia da emissão da portaria para atenuar o desgaste político do ministro e do governo.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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